Folha de S. Paulo


Mortes: Um editor formado numa banca de revistas

Em Toninho Mendes, no princípio, sobrava vontade mas faltava grana para ler histórias em quadrinhos. A solução? Trabalhar numa banca de revistas, ora.

Foi assim que ele começou. O pequeno funcionário podia dar a sorte de ganhar uma revistinha –isso quando o dono da banca, compadecido, não vendia com desconto.

O vírus dos gráficos, porém, só foi inoculado em seu sangue no fim dos anos 1960, quando trabalhou em uma escola de desenho. Ele entendeu rápido o prazer tátil dos livros.

Saiu dali para a imprensa alternativa, nos anos 1970. Passou pelo célebre "Movimento" e pelo "Versus", onde era o único funcionário.

Foi em abril de 1984, quando o Congresso rejeitava as eleições diretas, que nasceu a lendária Circo Editorial.

A primeira revista era uma tal de "Chiclete com Banana", de um tal de Angeli, que iniciara uma série de tirinhas do mesmo nome na "Ilustrada", na Folha. Antes, no jornal, só saíam quadrinhos gringos.

Daí em diante, foi um cipoal de revistas e livros. Além de Angeli, amigo de infância, a Circo publicou Laerte, Glauco, Luiz Gê, Fernando Gonsales –e muitos outros, porque a trupe era das grandes.

E era poeta também. Que tal "Confissão sobre o Tietê", que publicou em 1980? "Eu te compreendo & te amo/ e se um dia resolver deixar esta vida/ darei de bom grado esta carne às tuas águas", escreveu.

Ele morreu nesta quarta (18), aos 62, em casa, vítima de um infarto. Ele deixa três filhas. Seu corpo será velado até as 13h desta quinta (19) no cemitério do Araçá. O enterro será nesta tarde no cemitério Parque dos Pinheiros, no Jaçanã, na zona norte.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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