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Batalhão de Choque entra em presídio do RN após cinco dias de rebelião

Avener Prado/Folhapress
Policiais entram em presídio amotinado no Presídio Estadual de Alcaçuz, na região metropolitana de Natal
Policiais entram em presídio amotinado no Presídio Estadual de Alcaçuz, região metropolitana de Natal

O Batalhão de Choque da Polícia Militar entrou, na tarde desta quarta (18), no presídio de Alcaçuz, na região metropolitana de Natal (RN), que estava com presos amotinados desde o último final de semana.

A entrada do batalhão aconteceu após a decisão de transferir parte dos presos. Quatro ônibus foram deslocados para fazer a retirada de membros da facção Sindicato do Crime do Rio Grande do Norte.

Por outro lado, outros quatro veículos chegaram ao local com detentos de duas penitenciárias: a estadual de Panamirim e o complexo penitenciário Doutor João Chaves. Os detentos que entraram no presídio de Alcaçuz, que está completamente destruído, foram colocados abaixados nos assentos dos ônibus. Alguns, porem, levantaram as cabeças e acenaram para os jornalistas.

Mulheres de detentos, porém, iniciaram um protesto contra as transferências na frente da penitenciária. Ela montaram uma barricada, queimando sofás e pedaços de madeira para impedir a saída dos veículos com parte dos detentos.

Policiais deram tiros de advertência, aparentemente, com munição letal na tentativa de dispersas a manifestação. Uma mulher grávida passou mal. Outra teve convulsões.

Os problemas na unidade começaram no último sábado (14), quando um confronto entre facções rivais deixou ao menos 26 mortos. Na segunda (16), o presídio voltou a ficar fora de controle, situação que permanecia até a tarde desta quarta.

Com a entrada dos policiais, os detentos, que estavam espalhados pelas diferentes áreas, inclusive sobre os telhados, retornaram para dentro dos pavilhões. Algumas bombas chegaram a ser ouvidas do lado de fora da penitenciária, que foi isolada.

Também nesta quarta, ao menos dois ônibus e um carro do governo do Estado foram incendiados em Natal. Os ataques aconteceram na praia do Meio e no bairro Mãe Luiza. A polícia ainda não sabe se os atos estão relacionados com a tensão no presídio de Alcaçuz.

FORÇA NACIONAL

O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, anunciou nesta quarta-feira (18) a representantes de entidades sindicais de agentes penitenciários, em audiência em seu gabinete em Brasília, que o governo vai criar um "grupo nacional de intervenção em presídios", que atuaria como uma espécie de Força Nacional voltada para as penitenciária.

O grupo seria formado por cerca de cem agentes penitenciários cedidos pelos Estados por tempo determinado. Eles atuarão sob coordenação dos Estados e terão os custos compartilhados com a União. Também foi definida a necessidade de criação de um protocolo nacional para abordagem e tratamento dos presos em situações de crise.

Esses agentes seriam destacados para entrar nos presídios em crise ou sob ameaça e fazer a triagem da massa carcerária até para localizar e separar líderes de facções criminosas que hoje dominam os presídios no país.

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