Folha de S. Paulo


Carnaval de rua do Rio inicia dia 19 com Sebastiana e Amigos do Zé Pereira

Originários de Santa Tereza, das zonas central e sul do Rio, a liga independente de blocos de rua Sebastiana fará uma parceria, pela primeira vez, com a Liga Carnavalesca Amigos do Zé Pereira. As duas associações vão realizar na próxima quinta-feira (19) o primeiro grito de Carnaval do Rio no Circo Voador.

O evento dará a largada ao Carnaval 2017 e terá roda de samba e apresentação de quatro blocos: Suvaco do Cristo, Simpatia é Quase Amor, Quizomba e Céu na Terra. Quem quiser participar pode doar um quilo de alimento não perecível e será cobrada meia entrada para estudantes, idosos e menores de 21 anos.

A Sebastiana reúne 11 blocos tradicionais da cidade: Simpatia É Quase Amor, Bloco do Barbas, Suvaco do Cristo, Carmelitas, Imprensa Que Eu Gamo, Meu Bem Volto Já, Escravos da Mauá, Gigantes da Lira, Que Merda É Essa, Bloco da Ansiedade e Virtual. Já a Liga Amigos do Zé Pereira é integrada por oito blocos: Quizomba, Orquestra Voadora, A Rocha, Vagalume, Céu na Terra, Laranjada, Toca Rauuul! e Último Gole.

"É uma mistura boa", disse a presidente da Sebastiana, Rita Fernandes. Ela destacou ainda que o trabalho conjunto visa driblar o cenário de crise do Rio de Janeiro.

O presidente da Liga Amigos do Zé Pereira, Rodrigo Rezende, diz que a parceria visa também a captação de recursos para os desfiles dos blocos. Para Rezende, parte da arrecadação do ISS (Imposto sobre Serviços) –recolhido de hotéis, bares e restaurantes durante o Carnaval– deveria ser destinada aos blocos de rua, e não apenas para as escolas de samba.

Fernando Maia/Riotur
O Bloco Simpatia é Quase Amor é um dos maiores do Carnaval do Rio
O Bloco Simpatia é Quase Amor é um dos maiores do Carnaval do Rio

"Nós que fazemos o Carnaval de rua do Rio trazemos 5,5 milhões de foliões, que geram essa receita. Nossa ideia é que seja feito um edital de fomento direto para blocos de rua, de uma maneira muito mais plural. A gente quer que esse imposto que geramos seja revertido para essa manifestação cultural que é espontânea do Rio de Janeiro".

Segundo ele, há anos os blocos de rua sobreviveram de "vaquinha", venda de camiseta e cerveja. Atualmente, diz Rezende, os blocos cresceram muito e arrastam de 50 mil a 100 mil pessoas, mas continuam com o mesmo processo de arrecadação de recursos. "Se o Carnaval de rua minguar, a receita de bilhão de reais de ISS vai cair para a casa do milhão de reais e afetar a saúde, a educação, a segurança. É isso que a gente está tentando alertar".

A presidente da Sebastiana, Rita Fernandes, disse que a prefeitura licita os serviços de infraestrutura para os desfiles, como a colocação de banheiros químicos, por exemplo. Mas esse tipo de licitação acaba por impedir patrocínios privados para os blocos. As associações encaminharam uma carta à prefeitura com as reivindicações.

Por meio da assessoria de imprensa, a Riotur (Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro) informou que, até o momento, estão previstos investimentos da prefeitura somente para a infraestrutura dos desfiles dos blocos de rua e não para a preparação das agremiações para o Carnaval. As demandas das associações de blocos serão analisadas, acrescentou a empresa.


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