Folha de S. Paulo


Octavio Bonafé (1919-2017)

Mortes: Publicitário expert em feijoada e marcenaria

Filho de marceneiro, Octavio Bonafé cresceu sentindo o cheiro da madeira e exercitando a habilidade das mãos. Foi uma espécie de ajudante quando pequeno, ainda em Pirassununga, interior paulista, mas não seguiu a carreira, preferiu a publicidade.

Oitavo entre dez filhos –daí o nome Octavio–, deixou a cidade e a casa dos pais ainda na adolescência, para estudar. Chegou a passar um tempo no Rio, mas se estabeleceu mesmo em São Paulo. Talvez por causa de Valentina, sua grande companheira.

Trabalhou em empresas como a McCann Erickson e a Lince Publicidade e Propaganda até se aposentar. Por décadas deixou sua paixão pela marcenaria um pouco tímida, restrita a pequenos trabalhos em casa e na ajuda que dava nos projetos de escola das filhas.

Com a aposentadoria, porém, montou uma oficinazinha em sua casa. Era dedicação quase integral a suas miniaturas. Fazia igrejinhas, casinhas, presépios, que viravam presente de decoração aos amigos ou brinquedos para os netos. Não parou nem com a visão comprometida. Saia escondido dirigindo para comprar madeira na região do Brás e usava os olhos de seu motorista para esculpir os detalhes mais minuciosos.

Continuou independente e um pouco teimoso até o final. Era responsável pelas feijoadas das reuniões de família e se recusava a depender dos outros pra sair. Dizia se sentir seguro dirigindo, apesar de ser o único –filhos e netos temiam suas caronas após seus problemas de visão.

Morreu dia 5, aos 97 anos, por problemas pulmonares. Deixa duas filhas, duas irmãs, três netas e dois bisnetos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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