Folha de S. Paulo


Pierre Meynard (1927-2017)

Mortes: O desmemoriado e cativante 'cientista' francês

Apesar de seus 90 anos, a história de Pierre Meynard começa em 2010. Pelo menos, a história que seus amigos mais próximos conseguem contar.

O nascimento em Paris, na França, foi comprovado por documentos que ele levava em uma pequena mala, assim como a chegada ao Brasil nos anos 1960. Já o conhecimento científico era uma suposição alimentada pelo microscópio que tinha na mesma bagagem e pelo prazer que tinha em explicar coisas como a origem dos planetas. O problema de memória, porém, não permitia que Pierre confirmasse as suposições ou falasse algo mais de seu passado.

Foi encontrado abandonado, sujo, perambulando pelas ruas de São Paulo. Sem informações de parentes, autoridades brasileiras e diplomatas franceses o levaram para a casa de repouso da Associação Francesa de Beneficência 14 de Julho, em Perdizes.

Fez do lugar sua casa e aos poucos passou o mostrar mais de si. Falava fluentemente o português e o francês, adorava vinho e chocolate e repetia frases de agradecimento como "obrigado por perder seu tempo comigo" para pensionistas e cuidadores.

Nunca foi diagnosticado com Alzheimer, era um problema senil, diz Charles Valentin, diretor da associação.

Em alguns lampejos, Pierre dizia ser "engenheiro nuclear" e afirmava ter trabalhado para "os americanos", mas isso nunca foi confirmado.

"Filhos, ele certamente não tinha, procuramos e não achamos", diz Charles. "Mas é possível que tenha casado".

Morreu no dia 5, aos 90 anos, devido a uma pneumonia. Deixa muitas dúvidas e saudades entre os amigos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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