Folha de S. Paulo


Fernando Bellizia (1954-2016)

Mortes: Tita, o anjinho sambista na vida de Adá

Aos 5 anos, Fernando Bellizia perdeu a mãe. Aos 10, o pai. Mais do que uma criança que demandasse cuidados e atenção como qualquer outra, o órfão precisava de atenção mais específica –tinha síndrome de Down.

Coube a Cláudia, irmã 12 anos mais velha e então recém-casada, acolhê-lo. "Foi a minha missão", diz. "Ele era um anjo, sem maldade. Veio para me ensinar."

Adá, como ele a chamava, teve três filhos. Ela costumava dizer que ele era o quarto. Aprendendo a falar, as crianças o chamavam de "Tita" em vez de "tio", apelido que levou para o resto da vida.

Gostava de tocar pandeiro. Tinha uma coleção do instrumento e podia ficar o dia todo tocando, acompanhando sambinhas como os de Martinho da Vila.

Como assistia muito a televisão, seus ídolos invariavelmente foram figuras do entretenimento. No começo, apaixonou-se por Regina Duarte.

Logo a paixão migrou para o apresentador Silvio Santos –Tita não deixava ninguém tirar a TV do SBT. Quando saía, só voltava para casa se lhe comprassem uma revista especializada em TV.

A irmã realizou o sonho de levá-lo a Disney. Lá, durante uma exuberante queima de fogos, Tita encantou-se: "O céu abriu e eu vi o menino Jesus!"

Por 30 anos, frequentou a Apae em São Paulo, mas teve de parar após um problema na bexiga. A partir daí, decaiu.

Morreu em decorrência de uma pneumonia, no dia 30, aos 62, idade incomum para alguém com Down. Deixa a irmã fiel, Cláudia, três sobrinhos e três sobrinhos-netos.

A missa de 7º dia será neste sábado (7).

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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