Folha de S. Paulo


Carlota Josephina Malta Cardozo (1927-2016)

Mortes: Brincava de contar histórias, reais ou inventadas

Dentre as várias brincadeiras que Carlota Josephina fazia com os filhos e sobrinhos, as histórias são as mais lembradas. "Lida ou inventada?", era a pergunta que as precedia. E não importava a resposta, a empolgação e a clareza seriam sempre as mesmas.

Desde pequena, Carlota gostou de livros, histórias, recordações. Sabia detalhes de ocorridos e mexericos da família, contava sobre reis e rainhas de países europeus, e usava a imaginação para reconstruir tudo isso.

Mais nova de cinco irmãos, ela nasceu e cresceu na capital paulista, com mimos e cobranças não só dos pais, mas também dos padrinhos, que estavam sempre por perto. Chegavam a levá-la para a Europa por meses por causa da asma, que piorava muito durante os períodos de inverno.

Na adolescência, cultivou o sonho de cursar direito, mas acabou impedida pelo pai e pelo padrinho. Os dois tinham horror à ideia de que ela visse algum corpo nas aulas de direito criminal. "Ela aprendeu mesmo com as leituras, livros, viagens", conta a filha Anita.

Era uma pessoa alegre, que gostava de ter todos ao seu redor. Como casou tarde, após os 35, teve tempo para mimar os sobrinhos, que chegavam a passar férias inteiras com ela. Depois cuidou das filhas, dos pais, mortos em um acidente de avião nos anos 1970, e dos padrinhos.

Além das histórias, gostava de pintar, tocar piano, violão, fazer crochê. Fez desde meias de lã para soldados da Segunda Guerra até casaquinhos para crianças humildes.

Morreu no dia 19, aos 89 anos, de insuficiências respiratória. Deixa três filhas, quatro netos, duas irmãs.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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