Folha de S. Paulo


Na reta final de Haddad, São Paulo bate recorde de veículos guinchados

Robson Ventura - 2.set.2015/Folhapress
Guincho leva carro apreendido para pátio da companhia, na zona oeste de SP; cena se repete, em média, 60 vez por dia
Guincho leva carro apreendido para pátio da CET; cena se repete, em média, 60 vez por dia

A quantidade de veículos guinchados por estacionamento irregular nas ruas de São Paulo chegou a um número recorde no primeiro semestre deste ano, o último da gestão Fernando Haddad (PT).

De forma inédita nesta década, o total de apreensões ultrapassou o patamar de 10 mil veículos em um semestre, de acordo com dados obtidos pela Folha via Lei de Acesso à Informação.

Foram levados aos pátios municipais 11.162 veículos, mais do que o dobro dos 5.416 contabilizados de janeiro a junho de 2015, em um crescimento de 107%.

Em comparação com o primeiro semestre de 2012, último ano da gestão Kassab (PSD), a alta é de 350%. Foram 2.488 veículos guinchados naquele período. No total de 2012, foram 4.915, menos da metade da quantidade registrada nos primeiros seis meses de 2016.

CHAMA O GUINCHO - Veículos removidos no 1º semestre

Em que situações um veículo estacionado é guinchado?

- Fila dupla
- Placas de proibido parar
- Faixa de pedestre
- Em frente a guia rebaixada
- Em frente a ponto de ônibus
- Sobre a calçada, ciclovia ou faixa de ônibus
- A mais de 50 cm da guia
- A menos de 5 m da esquina

O que fazer quando seu veículo é guinchado?

1. Ligar para o 1188 para saber para qual pátio o carro foi levado e checar valores
2. Ir a um posto do Detran para emitir guia de pagamento das taxas de remoção e estadia e pagá-las
3. Com o documento de liberação, ir ao pátio para retirar o veículo*

Penalidades

De R$ 53 a R$ 128 é o valor da multa, dependendo do tipo de infração

De 3 a 5 é o número de pontos que o motorista recebe na carteira

CUSTO -

*Objetos deixados dentro dos veículos podem ser retirados em qualquer horário

Mais de 60 veículos são recolhidos aos pátios municipais por dia. Em 2014, eram cerca de 20 remoções.

Também o número de motos guinchadas disparou neste ano: foram 159 apreendidas, ante apenas 21 em igual período do ano passado, um aumento de 657%. Ao fim de 2015, 164 motos tinham sido levadas aos pátios da cidade.

Na análise dos dados de todo o período a partir de 2012, o maior número de remoções registradas em um mês ocorreu em junho de 2016: 2.362 carros e 42 motos.

Esse crescimento se deve à assinatura de novos contratos, no ano passado, entre a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e consórcios que respondem pelo serviço de remoção. Com isso, o número de guinchos saltou de 23 para 33.

Três consórcios foram contratados por quatro anos por R$ 111 milhões. Cada um tem a responsabilidade de administrar um pátio com 750 vagas e deixar 11 guinchos à disposição das 6h às 22h. Nas madrugadas e finais de semana, o número é menor.

Apesar do recorde de apreensões, uma auditoria da Controladoria Geral do Município da prefeitura detectou subutilização dos guinchos e gastos de mais de R$ 24 milhões que poderiam ser evitados.

O pagamento às empresas é feito de acordo com a disponibilidade de veículos e o tempo de remoção, e não pela quantidade de vezes que os guinchos são acionados.

Por contrato, os consórcios têm quatro horas e meia para remover o veículo após serem acionados. O procedimento de retirada tem que ser rápido –em dez minutos, no máximo, o carro precisa estar em cima do guincho.

FISCALIZAÇÃO

Em nota encaminhada à reportagem, a CET afirma que o aumento da quantidade de veículos apreendidos "é resultado do desrespeito dos motoristas às leis de trânsito".

A empresa diz que, para intensificar a fiscalização, "ampliou a estrutura da engenharia de tráfego, com departamentos operacionais permanentes em todas as regiões".

Segundo a companhia, essa nova estrutura foi responsável por otimizar atividades como o mapeamento do comportamento do trânsito e o atendimento a reclamações.

Com os novos contratos, a CET estima atingir até 3.960 remoções por mês.

Para o motorista obter a liberação do carro, é preciso pagar R$ 576 relativos à taxa de remoção, somados à diária de estadia de R$ 46 -sem contar o valor da multa pela infração que deu origem à apreensão.


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