Folha de S. Paulo


Sinval Thaler (1938-2016)

Mortes: O 'agente secreto' do serviço israelense

Arquivo Pessoal
Sinval Thaler (1938-2016)
Sinval Thaler (1938-2016)

Nas aulas de árabe, Sinval gostava de olhar para os colegas ao redor, em sua maioria muçulmanos, e pensar que eles não sabiam que ele não era um estudante como os outros -além de ser judeu, era um agente do Mossad (serviço secreto de Israel).

Apenas a parte de ser judeu era verdade. Mas a brincadeira com a espionagem era seu hobby. Lia muito sobre o tema e gostava de pensar que escondia algo fascinante das pessoas ao redor.

Sinval foi secreto desde o nascimento, em Porto Alegre. Os pais, que imigraram do leste europeu fugindo da perseguição aos judeus, esperavam uma menina, Bruna. Só foram descobrir que a gravidez era de gêmeos na hora do parto.

Bancário durante a vida adulta, Sinval decidiu estudar letras já na meia idade. Quando se aposentou, foi trabalhar como professor de inglês na rede pública.

A realidade da sala de aula o frustrava –o desinteresse e desrespeito dos alunos o aborreciam. Era um professor linha dura.

Após a segunda aposentadoria, trabalhou como empacotador em um supermercado. Enquanto desempenhava a função, entretinha-se em pensar que os clientes não faziam ideia de que aquele senhor que embalava as compras era um homem culto, poliglota.

Talvez realmente fosse um espião. Nesse caso, como um bom agente secreto, levou seus segredos consigo.

Morreu no dia 9, aos 78, em consequência de complicações da diabetes. Deixa os sobrinhos Marcelo, para quem foi como um pai, Gerson e Vanessa, e sobrinhos-netos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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