Folha de S. Paulo


Iskouhie Dadian (1943-2016)

Mortes: Espirituosa difusora da cultura armênia

Arquivo pessoal
Iskouhie Dadian (1943-2016)
Iskouhie Dadian (1943-2016)

Internada para uma cirurgia no coração, Iskouhie –pronuncia-se "Iscuí", o que a rendeu o apelido "biscuí" e "biscoito" de um enfermeiro– mantinha o humor direto que lhe era característico.

Ao saber que o padre queria visitá-la, ligou para ele e disse: "Você pode vir me ver, fazer oração, mas não venha me dar a extrema-unção".

Outra vez, em visita de uma amiga acompanhada do marido, começaram a combinar uma viagem à Argentina. O marido se interessou, e Iskouhie acabou logo com a conversa. "Você não vai, não se anime. Vou só com ela."

Nascida em Beirute, era libanesa apenas na certidão, como os seus três irmãos mais novos. As famílias armênias dos pais refugiaram-se no país do Oriente Médio após o genocídio de 1915, e vieram ao Brasil em 1954, assentando-se na região da Luz, perto da estação de Metrô Armênia, onde criaram uma sapataria.

Sua vida foi inteira dedicada à promoção da identidade de seu povo. Chegou a lecionar o idioma armênio e tinha como grande paixão a atuação junto ao partido Tashnag, que une a comunidade do país em São Paulo.

Por quase 20 anos, produziu o basturmã, carne seca típica do país, que fornecia tanto para consumidores particulares quanto para a tradicional esfirraria Effendi.

Nos últimos 13 anos, comandou o programa "Armênia Viva", na rádio Trianon AM, em que dava notícias da comunidade e colocava músicas de seu país para tocar.

Morreu na terça (22), aos 73, por complicações decorrentes de uma infecção hospitalar. Deixa duas irmãs e cinco sobrinhos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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