Folha de S. Paulo


Homem que atuava em ambulâncias em SP é preso sem registro médico

Santa Helena Saúde/Divulgação
Hospital Santa Helena em Santo André, onde morreu Vanessa Batista após ser atendida por Graziane Soares Pereira, que não tem registros para atuar como médico no Brasil
Hospital Santa Helena, em SP, onde mulher morreu após ser atendida por Graziane Soares Pereira

A Polícia Militar prendeu, na madrugada deste domingo (20), um homem que se apresentava como médico em Santo André (Grande SP) sem registro para atuar no Brasil. A prisão aconteceu após a morte de uma mulher atendida por ele dentro de uma ambulância.

Vanessa Batista, 29, deu a luz na unidade de São Bernardo do Campo (Grande SP) do hospital Santa Helena na última quinta-feira (17). Dois dias depois, uma hemorragia fez com que ela passasse por histerectomia (remoção de útero). O hospital resolveu transferi-la para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) da maternidade em Santo André.

Vanessa saiu de São Bernardo com quadro estável, de acordo com o boletim de ocorrência, e chegou à UTI em estado grave, por volta das 21h20. Ela morreu cerca de uma hora depois por parada cardiorrespiratória.

Segundo o hospital, a transferência entre as duas unidades aconteceu por uma prestadora de serviço credenciada, a Sérgio Remoções. Na ambulância, ela foi atendida por Graziane Soares Pereira, 33, de acordo com a Polícia Civil.

Desconfiada do atendimento, a médica responsável pela emergência do hospital Santa Helena questionou as credenciais do médico, que não confirmou sua identidade. Após a negativa, ela chamou a polícia.

Pereira disse aos agentes, segundo o boletim de ocorrência, que estudara medicina na Bolívia, mas foi reprovado no exame para a validação do diploma no Brasil.

Em sua bolsa, a polícia encontrou dois carimbos com nomes de médicos diferentes, além de seus documentos pessoais, jaleco e estetoscópio. Pereira foi encaminhado à Cadeia Pública de Santo André.

O caso foi registrado no 1º DP de Santo André como homicídio simples, exercício ilegal de medicina e falsa identidade.

Em nota, o Cremesp (Conselho Regional de Medicina de SP) disse que instaurou sindicância para apurar os fatos denunciados e que resolução de 2016 estabelece critérios rigorosos para identificação de médicos durante a contratação. Os diretores de unidades podem responder a processo ético no conselho caso haja negligência na contratação, diz o Cremesp.

O conselho afirmou ainda que, como só pode agir em relação a médicos devidamente inscritos e habilitados, encaminha as denúncias ao Ministério Público Estadual.

O hospital Santa Helena diz que está dando o suporte necessário e que suspendeu os serviços da empresa Sérgio Remoções até que as investigações sejam concluídas.

A reportagem não conseguiu contato com a Sérgio Remoções.


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