Era só bater o olho em alguma peça (fosse foto, cartaz, livro etc.) que Sylvia Monteiro já sabia onde faltava cor, espaço, sombra. Além de ágil, era metódica, criteriosa e organizada em tudo o que fazia, lembram os amigos.
Filha de industriais paulistas, casou-se aos 20 e teve dois filhos, mas separou-se dez anos depois. Estudou comunicação visual na Faap, em São Paulo, e fez mestrado em ciência da tecnologia gráfica no Instituto de Tecnologia de Rochester, nos EUA.
Nos anos 1980, foi editora de arte da revista "Veja", época em que criou o projeto gráfico da "Veja São Paulo".
Dirigiu depois a arte da edição brasileira da revista "Elle". Quando veio o plano Collor, em 1990, decidiu sair mais uma vez do país. "O mundo era pequeno para ela", diz a irmã Stella. Acionou contatos fora e recebeu um convite para assumir a direção de arte da "Elle" alemã.
De 1992 a 1994, também criou as capas das edições de Portugal, Chile e Argentina da publicação de moda.
Em 1999, já de volta ao Brasil, assumiu as capas da "Carta Capital", onde criou cerca de 200 edições até 2005.
Fez o projeto gráfico e capas de livros e cartazes de mostras e peças de teatro, além de logotipos e sites, e foi curadora de exposições.
"Conhecia arte como ninguém. Era um prazer ir a museus com ela, era uma enciclopédia. Vai ser difícil voltar agora", afirma o marido, Adolfo Leirner, com quem era casada desde 2003.
Lutava contra um câncer na região do abdome desde agosto de 2014. Morreu no último dia 13, aos 71. Deixa o marido, dois filhos e irmãos.
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