Folha de S. Paulo


Prefeitura de São Paulo varre menos as ruas, e reclamações crescem

O volume de lixo varrido nas ruas da capital diminuiu sob a gestão do prefeito Fernando Haddad (PT), segundo dados obtidos pela reportagem por meio da Lei de Acesso à Informação. Por outro lado, aumentaram as queixas à Ouvidoria do município em relação à limpeza pública, que inclui os serviços de varrição.

Entre o último ano da gestão Gilberto Kassab (PSD), em 2012, e o ano passado, o penúltimo de Haddad à frente da prefeitura, a queda na quantidade de lixo varrido pela administração municipal foi de 20%. Em 2012, a prefeitura varreu 133 mil toneladas de lixo das ruas da capital. Em 2015, foram 107 mil.

Já as reclamações recebidas pela Ouvidoria em relação à limpeza pública quase dobraram na comparação entre 2012 e 2015, passando de 407 queixas para 777.

A redução da varrição ocorreu ano a ano. Em 2013, já sob o comando de Haddad, a administração municipal varreu 118 mil toneladas, uma queda de 11,4% na comparação com o ano anterior. No ano seguinte, em 2014, foram 113 mil toneladas, diminuição de 4,1% em relação a 2013. Entre 2014 e 2015, a redução foi de 5,9%.

Na área da Subprefeitura da Sé, onde fica a 25 de Março e todo o centro, o volume de lixo varrido também caiu ano a ano a partir de 2013 e, no ano passado, foi 14,5% menor do que 2012.

Neste ano, faltando menos de dois meses para o fim da gestão, Haddad reduziu em 13% os contratos de limpeza, que incluem varrição, coleta de lixo, limpeza de córregos e poda de árvores. A gestão diz que a medida é um 'ajuste' e faz parte da negociação de renovação do contrato.

Enquanto houve a redução na varrição, a coleta de lixo cresceu 81% nos três primeiros anos da gestão Haddad (PT), em comparação com o último ano de Kassab (PSD). Em 2012, foram recolhidas 47.676 toneladas de lixo por meio de coleta seletiva. Em 2015, foram 86.484 toneladas.

DEIXA QUE EU FAÇO

Quem passa pela altura do número 920 da rua 25 de Março (região central) pode até não notar, mas o camelô João Batista dos Santos, 44 anos, faz questão de cuidar da limpeza perto de sua barraca.

Joel Silva/Folhapress
Consumidores lotam a região da 25 de Março, no centro de São Paulo, nesta terça-feira, feriado da Proclamação da República
Consumidores lotam a região da 25 de Março, no centro, no feriado da Proclamação da República

Com uma vassourinha, Santos varre e recolhe o lixo deixado por quem passa por ali. "O pessoal da prefeitura até limpa, mas não tem jeito, logo depois está tudo sujo de novo", diz. "Muita gente vê a lixeira bem por onde está passando, mas mesmo assim joga na rua. Não tem jeito."

Santos sofre com os ladrões. "Deixo a vassoura encostada no poste e, por incrível que pareça, tem gente que leva embora."

OUTRO LADO

A Amlurb (Autoridade Municipal de Limpeza Urbana), órgão da gestão Fernando Haddad (PT), diz que diversos fatores estão contribuindo para a redução de resíduos na cidade. O órgão cita: trabalho de conscientização sobre locais e horários corretos para o descarte, informações no spcidadelimpa.com.br e campanhas em redes sociais. A Amlurb diz também que a crise diminuiu o consumo e a geração de resíduos.

Sobre a varrição, a prefeitura diz que houve "otimização das equipes para um melhor atendimento na zeladoria do município". Quanto às queixas, diz que 98% são atendidas em até 48 horas, dando credibilidade ao SAC (Serviço de Atendimento ao Cidadão) e aumentando a procura.


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