Folha de S. Paulo


Chuva deixa 2 mortos e ao menos 25 famílias desalojadas no Rio

As fortes chuvas que atingem o Estado do Rio de Janeiro desde a última sexta (11) afetaram ao menos quatro cidades, deixaram dois mortos e dezenas de famílias desalojadas.

As duas mortes ocorreram em Petrópolis, na região serrana, onde 15 famílias estão desalojadas. Outras dez famílias estão na mesma situação em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Em Teresópolis, também na serra, 40 pessoas estão desalojadas.

Na cidade histórica de Petrópolis, duas pessoas morreram após terem sido soterradas dentro de suas casas por um deslizamento de terra e rochas na noite de segunda-feira (14). Os corpos foram encontrados sob os escombros na manhã desta terça-feira (15). A cidade está em estado de alerta.

O deslizamento ocorreu por volta das 23h, no bairro Quitandinha, e atingiu cinco casas. As duas vítimas, Consuelo do Carmo, 49, e Paulo Roberto Souza, 70, estavam em duas delas. Seus corpos foram sepultados na tarde desta terça.

Segundo a Defesa Civil, o desastre não foi influenciado por ação humana. Mais de mil toneladas de rochas e terra desceram de uma encosta de 200 metros.

O secretário de Defesa Civil e Segurança Pública, Rafael Simão, pediu que as pessoas não se dirijam à região. Os moradores do bairro Quitandinha foram orientados a sair de casa e se encaminharem para locais seguros. De acordo com a administração municipal, nenhuma pessoa está desabrigada.

Como acontecem os deslizamentos

A Defesa Civil registrou 59 ocorrências por telefone desde sábado (12), sendo a mais grave a do deslizamento no Quitandinha. O maior índice pluviométrico foi registrado em São Sebastião, onde o acumulado já chega a 563 milímetros no período de 30 dias.

Duques e Vila Felipe registraram 531 milímetros e 505 milímetros, respectivamente. Nesta época do ano, normalmente, o índice pluviométrico alcança 300 milímetros num período de 30 dias nessas regiões. A principal preocupação é o solo encharcado devido à chuvas, que diminuíram de intensidade durante a quarta. A previsão do Cptec para os os próximos dias é de tempo parcialmente nublado e sem chuvas.

A Prefeitura disse que vai pedir ao Ministério das Cidades que a obra para reconstruir as casas atingidas seja incluída na região no PAC Encostas, que já prevê obras de prevenção, com contenção de encostas, em 14 localidades da cidade.

Três outras cidades da região serrana também foram afetadas. Em Nova Friburgo, a Defesa Civil local registrou sete deslizamentos de terra, sem vítimas fatais. Uma casa foi destruída. Outras 60 foram invadidas pelas águas do rio Macaé de Cima, que subiu de nível devido a uma cabeça d'água. Moradores perderam objetos, mas a estrutura das casas não sofreu dano. Não há desabrigados ou desalojados na cidade. A cidade, que foi a mais afetada pela tragédia em 2011, está em estágio de alerta. A previsão é de chuvas isoladas nesta quinta-feira (16) e sexta (18).

A Defesa Civil de Teresópolis atendeu a 63 ocorrências de deslizamento de terra, alagamentos e quedas de árvore desde a madrugada desta quarta-feira (15). No bairro Vale da Revolta, próximo a à BR-106, 40 pessoas ficaram desalojadas devido a deslizamentos de terra.

Custodio Coimbra/Agência O Globo
Bombeiros encontram dois corpos que estavam soterrados após deslizamento de rochas em Petrópolis
Bombeiros encontram dois corpos que estavam soterrados após deslizamento de rochas em Petrópolis

A prefeitura mantém interditado trecho da avenida Presidente Roosevelt, que dá acesso à BR 116, sob o risco de rolamento de pedras. Houve cheia do rio Paquequer, que corta a cidade, a segunda mais atingida pelo desastre de 2011. Não há desabrigados ou desaparecidos. O município está em estágio de atenção e com previsão de chuva fraca a moderada para a noite, informou a Defesa Civil.

Segundo o meteorologista Cesar Soares, do Climatempo, a região serrana acumulou, em 24 horas, 27% do esperado para o mês de novembro. "O acumulado de chuva foi de 86% acima do que normalmente chove na região. Para haver um deslizamento, é preciso que várias camadas de solo estejam úmidas, camadas profundas, por isso, é preciso que haja chuva persistente. o que está acontecendo na região serrana não é só chuva de final de tarde, mas de vários dias", avalia o meteorologista.

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A chuva também deixou pelo menos dez famílias desabrigadas no município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

Ao todo, 24 pessoas foram desalojadas, já que suas casas estão localizadas em encostas que deslizaram ou foram atingidas por quedas de árvores. Ninguém ficou ferido, e as famílias foram acolhidas por parentes.

A Defesa Civil fará uma avaliação da estrutura das casas. Se não for possível reformá-las, as famílias serão encaminhadas para o programa de Aluguel Social -atualmente sob risco de ser restrito pelo governo do Estado devido à crise financeira- ou ao Minha Casa Minha Vida.

O distrito mais afetado foi Xerém, onde choveu 235 ml em 48 hrs, 135% além do esperado para o mês de novembro. Foram registradas 20 ocorrências: nove deslizamentos, quatro alagamentos, três quedas de árvore, duas inundações, uma queda de reboco e uma queda de árvore.


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