Folha de S. Paulo


Alberto Brandão Muylaert (1924-2016)

Mortes: Advogado dedicado e fiel a suas circunstâncias

Arquivo Pessoal
Alberto Brandão Muylaert (1924-2016)
Alberto Brandão Muylaert (1924-2016)

Era década de 1950 e os jogos de futebol no Brasil tinham uma novidade: árbitros ingleses. Eles traziam consigo algumas novidades, como as bermudas –até então, os juízes usavam calças– e também desafios, como o idioma.

Para resolver, Alberto Brandão Muylaert acompanhava os jogos na beira do campo. Quando necessário, corria para o gramado para fazer a tradução. "Ele era tão educado que maneirava nos palavrões. Ninguém era expulso", conta rindo o irmão, Roberto.

Apaixonado por futebol, o advogado guardava histórias curiosas do esporte, como as vezes em que representou a Federação de Futebol para manter times rebaixamentos. Era comum na época do extinto Torneio Rio-São Paulo os clubes recorrerem à Justiça para se manterem na elite.

Jogar, porém, esse são-paulino não arriscou por muito tempo. Após algumas partidas amadoras na juventude, passou a preferir o tênis nas suas horas de lazer.

Formado em direito pela USP, Alberto trabalhou para uma empresa farmacêutica, para uma estrada de ferro e chegou a arriscar alguns empregos públicos, mas passou a maior parte da carreira como Procurador da República, cargo no qual se aposentou.

Morou grande parte da vida em São Paulo. Mais de 50 anos na mesma casa, no Alto de Pinheiros. O casamento já estava chegando aos 70. Era educado, polido e adorava ler. Usava o filósofo espanhol José Ortega y Gasset para se definir, repetindo: "Eu sou eu e a minha circunstância".

Morreu dia 7, aos 91, de causas naturais. Deixa a mulher, Dinah, cinco filhos, dois irmãos, 11 netos e 11 bisnetos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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