Folha de S. Paulo


Ricardo Norberto Ayup Zouain (1955-2016)

Mortes: Um geólogo que conquistou o mundo

Arquivo pessoal
Ricardo Norberto Ayup Zouain (1955-2016)
Ricardo Norberto Ayup Zouain (1955-2016)

A vastidão do currículo dava noção da estatura profissional do geólogo. Mas a gargalhada tonitruante chegava sempre antes do professor titular. Fosse em meio a uma aula ou em uma recepção para amigos regada a vinho, Ricardo Ayup não perdia a piada. E com ela, qual um personagem de desenho animado soltava aquela indefectível "risada de cartoon".

Neto de libaneses, filho de um comerciante uruguaio, cresceu entre Montevidéu e a fazenda do avô. Formou-se em geografia, lecionou no Uruguai e ganhou o mundo: morou na Espanha, no Japão, no Iêmen. Até ser convidado a lecionar na Furg, em Rio Grande (RS) e passar no concurso da UFRGS.

Ali, desenharia uma carreira ímpar. Fundou o Laboratório de Modelagem de Bacias do Instituto de Geociências (que também dirigiu por oito anos) e lutou pela criação de um campus no norte do Estado. Publicou seis livros, dezenas de artigos e foi consultor de projetos e agências de pesquisa. Mas se sentia em casa, mesmo, no ônibus, rodando o Brasil, em trabalhos de campo do Chuí ao Piauí. E também na cozinha

Na sala tinha duas mesas imensas, pois fez dela um laboratório para jantares nababescos. A maior das quatro panelas de paella, que mal cabia no fogão, alimentava 15 convivas. De cada país trazia um tempero, além de diversos livros de culinária.

Morreu dia 29, de hepatite, aos 61 anos. Deixou a viúva, a filha única e a gatinha Mya, que adotara em uma noite fria de Punta del Este. Deixou também um silêncio: o que espera a última gargalhada do professor Ayup.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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