O pensamento constante na possível finitude precoce nunca foi a tônica da vida da advogada Alexandra Lebelson Szafir, 50, uma das expoentes com maior visibilidade no Brasil entre as pessoas que vivem com ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica).
Batalhando contra a enfermidade degenerativa e progressiva desde 2005 e, aos poucos, sucumbindo a seus efeitos, como a perda total da mobilidade e da capacidade respiratória, Alexandra não fez do drama ou das perdas o seu sentido de viver.
Fez o contrário: lutou até o último dia por melhores condições para as pessoas com a doença, ajudando financeiramente com a sua imagem e com o seu prestígio, por mais pesquisas, medicamentos e equipamentos de assistência aos que têm ELA.
Paralelamente à dedicação à Associação Pró-Cura da ELA, a advogada militou no direito voltado às minorias. Escreveu, em 2010, "desCasos, uma Advogada às Voltas com o Direito dos Excluídos" e, em 2014, "desCasos 2".
Embora não conseguisse mais falar, Alexandra se comunicava por meio dos olhos que acionavam as letras no computador e enviava suas mensagens para o mundo. Respirava com auxílio de aparelhos e levava o dia a dia com a ajuda das forças da incansável assistente, Magna.
"Alexandra era uma pessoa rara, com uma doença rara. Raros os que a conheciam e não a admirassem por sua bravura e sua generosidade", diz o amigo e confidente, o empresário Jorge Abdalla.
A advogada, que deixa os filhos Pedro e Isabella, morreu no hospital, na quinta (3), por complicações no sistema respiratório.
coluna.obituario@grupofolha.com.br
-