Na parede da casa em que José Carlos Lôbo cresceu no Boqueirão, em Santos (SP), se destacava um quadro de um cervo. A riqueza de detalhes da pintura talvez escondesse do visitante que o autor fosse justamente o garoto que ali vivia.
A facilidade para o traço o levou a largar os estudos. Conseguiu um trabalho como arte-finalista em uma agência de publicidade. Mais tarde, abriria sua própria, a Clã.
No tempo livre, passou a ilustrar a coluna do cronista futebolístico De Vaney, no jornal "A Tribuna". Ali foi publicada a primeira caricatura de Pelé, por ele. Ao longo de sua carreira, o Rei apareceria nas charges de J. C. Lôbo mais de cem vezes. Mantinha guardada uma carta escrita de próprio punho por Pelé, agradecendo o carinho.
Perfeccionista, passava horas esmerando seus desenhos até ficar satisfeito. Costumava dizer que, se precisasse escrever o nome do retratado, era um sinal de que o trabalho não tinha sido bem feito.
Por décadas desenhou o futebol local e satirizou a política santista, com passagem pelas páginas de quatro jornais da Baixada, até aposentar o nanquim há três anos, por problemas de visão.
Gostava muito de caminhar para espairecer, mas seu passatempo preferido era andar na água. Não se afastava do mar por nada. Ir a São Paulo, segundo a mulher, Maria Antonieta, era um sacrifício.
Morreu no sábado (22), aos 82, por insuficiência respiratória e renal, véspera do aniversário de Pelé e antevéspera do seu aniversário de casamento. Deixa a mulher e os dois filhos, Marcos e Tatiana.
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