A bengala não fez Helena Simonsen baixar a cabeça. E, mesmo com a mobilidade reduzida após enfrentar um aneurisma na perna e um acidente grave, mexia-se para lá e para cá para pôr um sorriso no rosto de todos os que estivessem a seu redor.
Era 1990 e Helena dirigia pela avenida Giovanni Gronchi, na zona sul de São Paulo, quando bateu o carro em um poste. Uma perna foi perfurada pelo motor do carro. A outra, atravessou o parabrisa. O veículo pegou fogo e ela passou semanas em coma.
Arquivo pessoal | ||
Helena Simonsen, morreu no último dia 13, aos 71 anos |
Só sobreviveu porque um menino morador de uma favela próxima a tirou do veículo antes que o carro explodisse. Helena tentou encontrá-lo mais de uma vez para agradecer, mas nunca teve sequer pista de seu paradeiro.
Passou por 12 cirurgias e perdeu parte da mobilidade, o que a fez usar a bengala.
Oito anos depois, um aneurisma na perna a colocou de novo na rota da morte e reverteu muito do que Helena evoluíra em seus movimentos.
Mesmo assim, ficou de pé –"nunca reclamou da vida", diz a filha, Juliana–, sempre com um cigarro em uma das mãos, seu hábito preferido.
Era a responsável por unir a família, desde os eventos que organizava para agrupar familiares até a resolução de conflitos entre os parentes.
Morreu no último dia 13, aos 71 anos, cercada de amigos e familiares, após sofrer um acidente vascular cerebral hemorrágico decorrente de um aneurisma. Os olhos, grandes e de cor de mel, sua característica física mais marcante, foram doados. Deixa duas filhas, uma neta, irmãos, primos e sobrinhos.
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