Folha de S. Paulo


Rubens Nascimento Mota (1946 – 2016)

Mortes: Morte e ressurreição do Anormal do Brega

Amor&Brega/Divulgação
Rubens Mota (1946-2016), o Anormal do Brega
Rubens Mota (1946-2016), o Anormal do Brega

As luzes se apagam, uma marcha fúnebre toca dos alto-falantes e um cortejo entra carregando um caixão. Sabe-se que não é um funeral convencional primeiro porque a cena acontece numa casa de shows. Depois, porque de dentro do ataúde sai um personagem de peruca e roupas extravagantes, conhecido como Anormal do Brega.

A encenação representava a ressurreição do brega, gênero musical tradicional do Pará que andava esquecido no resto do país em meados dos anos 1990, quando Rubens Mota montou o personagem, como repetia o cantor.

Longe dos palcos, porém, Mota era um respeitado advogado criminalista, conhecido em Belém por atuar em casos espinhosos.

As coisas não se misturavam, dizia ele, e quem via o sério advogado não imaginava que era o mesmo cantor, que, pela excentricidade, volta e meia era convidado a dar entrevistas a revistas e programas de TV de todo o país.

Gravou nove discos cantando, além de brega, carimbó e bolero, e participou de documentários sobre a música paraense. Diminuiu o número de shows depois de perder parte da visão, em 2010.

De infância pobre, abria a casa e oferecia refeições a moradores de rua. Gostava de cozinhar e servia verdadeiros banquetes a amigos e familiares, lembra a filha, Tamara.

Aproveitou a popularidade para lançar-se candidato a vereador em Belém em 2012 e 2016, mas não foi eleito.

Morreu na última quinta-feira (13), aos 70 anos, por complicações decorrentes de um tratamento contra um câncer no pâncreas. Deixa quatro filhos e nove netos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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