Folha de S. Paulo


Fares Rahal (1930-2016)

Mortes: Cirurgião que tratava pacientes com zelo

Arquivo Pessoal
Doutor Fares Rahal
Doutor Fares Rahal

No escritório do médico Fares Rahal notava-se sua frase favorita, emoldurada na parede atrás da mesa: "Ser cirurgião é ter coração de leão, olhos de lince, mãos de fada e muita humildade", dizia.

Nascido em 1930 em São Paulo, filho de imigrantes sírios, medicina era uma profissão nada óbvia a ser seguida. Seu pai e irmão eram fazendeiros. Plantavam café e criavam gado. Ninguém na família havia se aventurado, até então, por um curso superior. Mas Fares tinha uma vocação. Queria salvar vidas.

Graduou-se na Faculdade Paulista de Medicina em 1956. Na profissão, não foram apenas as mãos habilidosas que o fizeram se destacar –foi o tratamento humanizado. Rahal investigava com afinco até os casos mais simples.

Certa noite, de plantão, operou uma criança com uma contusão abdominal grave. Ao conversar com os parentes, descobriu um acidente doméstico comum, sobretudo na periferia: a menina havia sido esmagada por um tanque de lavar roupas que não era fixado à parede.

Após a cirurgia, elaborou um estudo, identificando o acidente como um problema de saúde pública. Após a repercussão do trabalho, foi aprovada em São Paulo uma lei que obriga a fixação dos tanques, evitando ocorrências semelhantes.

Foi reconhecido como um dos maiores médicos do país pelo Colégio Brasileiro de Cirurgiões em 2015. Este ano, logo antes de morrer, no dia 2, vítima de uma pneumonia, ganhou o título de Doutor Honoris Causa da Santa Casa. Deixa cinco filhos e a amada mulher, com quem foi casado durante 57 anos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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