Folha de S. Paulo


Presos fazem motim e fuga em massa de hospital psiquiátrico na Grande SP

Veja

Uma fuga em massa ocorreu em uma unidade prisional no fim da tarde desta segunda-feira (17) em Franco da Rocha (Grande São Paulo).

O caso se soma a uma série de incidentes prisionais administradas pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB), que incluem uma fuga em massa há pouco mais de um mês.

A Secretaria da Administração Penintenciária (SAP) afirmou que 55 presos fugiram do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico 1. Mais cedo, a Polícia Militar havia informado que seriam entre 200 e 300 fugitivos.

Até às 23h desta segunda, 34 foram recapturados. A Polícia Militar segue com o trabalho de buscas.

A reportagem conversou com agentes penitenciários. Eles afirmaram que os detentos quebraram a prisão e fugiram pela portaria da unidade. A fuga teria sido motivada por uma decisão da direção de cortar os cigarros dos internos.

Usualmente, os detentos passam o dia no pátio e voltam para suas celas no final do dia. Porém, nesta segunda, eles se recusaram a voltar e pediram a presença do diretor da unidade para discutir a proibição do cigarro. Após o pedido ser negado, eles renderam os carcereiros e queimaram quase toda a ala masculina antes de fugir para uma região de mata que cerca o local.

A ala normativa, onde ficam os presos mais debilitados, e a feminina não foram atingidas pelo incêndio, que destruiu grande parte da ala masculina.

Segundo a SAP, o tumulto foi contido por oficiais do Grupo de Intervenções Rápidas (GIR), que também realizaram uma revista nos internos e na unidade. Antes da fuga, ela abrigava 446 detentos.

Eles serão transferidos para outras unidades da região, mas continuarão recebendo assistência dos profissionais de saúde do Franco da Rocha. A SAP determinou a instauração de sindicância para apurar as circunstâncias da fuga.

Segundo Fábio Jabá, diretor do Sifupesp (Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional de SP), o hospital psiquiátrico de Franco da Rocha abriga presos de alta periculosidade. No local, segundo ele, há menos funcionários do que o necessário.

"A receita do bolo está perfeita. Falta de estrutura, o sistema prisional é um barril de pólvora prestes a explodir. Explodiu em Jardinópolis, Mococa, Limeira, Guarulhos. Com certeza vão acontecer outros episódios. Precisamos alertar a sociedade para se preparar que várias situações vão ocorrer", disse.

FUGA EM MASSA

No dia 29 de setembro, Jardinópolis (a 329 km de SP, também na região norte do Estado), 470 detentos fugiram do Centro de Progressão Penitenciária local, após um motim em protesto à superlotação do local. Designado a abrigar 1.080 presos em regime semiaberto, o CPP tinha 1.861.

Um dia depois, houve uma nova rebelião no centro de ressocialização de Mococa (a 274 km de São Paulo), no norte do Estado. Segundo o relato oficial, após um dos presos ser flagrado com drogas, internos do centro atearam fogo em colchões e impediram a saída de dois funcionários de uma ala da unidade, tornando-os reféns.


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