Folha de S. Paulo


Fernando Rodrigues Pereira (1960-2016)

Mortes: Um sambista em seu último Carnaval

Fernando nasceu no Rio de Janeiro em 1960, sete anos após a fundação da Acadêmicos do Salgueiro, cuja quadra ficava perto da casa onde passou a infância. Na época, seu pai era o diretor de bateria da escola. Assim sendo, o futuro de Fernando, mais conhecido como Dodo, não poderia ser muito diferente: tornou-se sambista.

Amante de sambas-enredo, vivia todo o ano a rotina que era sua paixão: seis meses antes do Carnaval começava a composição, feita usualmente pelo amigo Moisés.

Juntos, Dodo e Moisés interpretavam as letras em festas durante os finais de semana em diversas escolas: União da Ilha, Imperatriz Leopoldinense. Até o momento em que um enredo entre todos os concorrentes era escolhido para puxar os carnavalescos na avenida. Em muitos anos, seu samba perdia. Mas quando ganhava, não havia emoção que superasse aquele doce momento da vitória.

Foi assim em 2004, em São Paulo, quando o samba "Ipiranga, Berço Esplêndido de um Povo Heroico" embalou o desfile da Imperador do Ipiranga. Foi em um ensaio daquele Carnaval que conheceu Vânia, sua companheira por mais de dez anos. Ao lado dela, Dodo sambou, cantou e foi muito feliz no último sábado da sua vida, no dia 12, em um bar em Jabaquara. No dia seguinte, morreu de um infarto fulminante aos 56. Ele deixou duas filhas no Rio.

O Carnaval de 2016, passado na Marquês de Sapucaí ao lado de Vânia, não será seu último. Seu samba-enredo do coração, que puxou a Ipiranga no carnaval 2004, será reeditado para 2017. Acredita-se que Dodo estará lá.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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