Folha de S. Paulo


Carlos Alberto Lopes Conceição (1966-2016)

Mortes: Brilhou como grande diva do Maranhão

Nos confins do interior, ninguém duvidava que Tina Pepe era estrela. Poucos conheciam Carlos Alberto, diz um blogueiro. "Mas talvez não haja um ser em Santa Inês que não tenha conhecido Tina Pepper". A grafia do nome, inspirado na personagem de Regina Casé em Cambalacho, variava. Negra e pobre, Tina era sorridente e senhora de si, ao menos quando usava seu feitiço: bastava pôr um salto, uma sombra colorida e virava diva.

Nasceu em São Luís. No colégio de freiras aprendeu balé e teatro. Foi trapezista de circo, até descobrir o Carnaval. Aprendeu a ser drag e cortar cabelo, seus dois metiês. Achou o seu lugar no mundo: o de destaque. "Gostava de desfilar no carro da frente, trabalhada no luxo", conta o amigo David Silva.

Ao trocar a capital por Bacabal e logo por Santa Inês, sofreu preconceito, mas conquistou espaço. Em casa, atendia em um salão improvisado. À noite, rodava o interior. "Botava vestidão, saltão, e se jogava no palco", diz Silva. Whitney Houston, Celine Dion, as dublava com paixão. Na TV local, era habitué. Se realizou quando Regina Casé veio ao Estado. Em rede nacional, mandou um beijo para a câmera.

A vida seguiu, fez campanha para o prefeito, ganhou uma vaga. De dia, cuidava da secretaria. De noite, era diva do Maranhão. Até passar mal dia 18 e, sem atendimento no hospital, morrer de AVC, aos 50. A cidade decretou luto. O prefeito usou o caso para atacar o governador. Sem a "omissão do Estado", ela "estaria ainda entre nós". Na TV, só se falou disso. Até o fim, Tina teve sua fama.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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