Folha de S. Paulo


FEIGA LOBERBAUM SUSSKIND (1922-2016)

Mortes: Memórias de Fany criaram bordão familiar

"Ê, Taubaté...", dizem os descendentes de Feiga Lorberbaum Susskind sempre que uma lembrança saudosa da família é relatada, mesmo que não relacionada à cidade. O bordão virou referência às histórias da infância de Fany –nome que a polonesa de Zolkiew, cidade hoje na Ucrânia, ganhou no Brasil.

Fany veio criança com os pais e dois irmãos tentar uma vida melhor no interior de SP, onde ganharia outro irmão.

Durante a Revolução de 1932, soldados do Rio ocuparam Taubaté, e sua mãe fez um bolo para vender a eles. Quiseram mais. Com pressa, ela serviu um bolo semicru –e eles adoraram. "Acharam que era recheio", divertia-se Fany quando se lembrava.

Quando jovem, trabalhou no comércio de bolsas e luvas da capital. Aos 16, foi orientada a cuidar do caixa. Fany tomou nota do valor disponível e pediu que o chefe assinasse. "Sou o dono", negou. "Mas eu não", respondeu. A seriedade daria a ela uma promoção.

Em outro episódio, um homem surgiu com uma proposta inusitada: "Vim comprar a loja para a minha irmã, e a balconista para mim". Era Isak, polonês como ela. Fany aceitou o convite para um baile e, três meses depois, se casaram.

Em 1964, ficou viúva e teve que criar os três filhos adolescentes sozinha. Mantinha uma caderneta em que anotava os empréstimos a eles. Não os cobrava, mas eles sabiam que tinham que devolver, como conta o mais velho, Marcos. "Ela nos ensinou a vencer pelos próprios meios."

Morreu aos 93 anos, no dia 26, por falência de múltiplos órgãos e insuficiência respiratória. Deixa três filhos, nove netos e 23 bisnetos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

-

Veja os anúncios de mortes

Veja os anúncios de missas


Endereço da página:

Links no texto: