Folha de S. Paulo


Ônibus é atacado e incendiado dentro do campus da USP

Um ônibus municipal foi atacado e incendiado por um grupo de adultos e crianças dentro do campus da USP (Universidade de São Paulo), na zona oeste, por volta das 19h20 desta quarta-feira (31).

Segundo relato do motorista, cerca de 30 pessoas começaram a jogar pedras, pedindo para todos descerem, no trecho entre a prefeitura do campus e as instalações do Hospital Universitário. O ônibus saía do terminal dentro da Cidade Universitária em direção ao Parque D. Pedro 2º, no centro de São Paulo.

O motorista disse que pelo menos três participantes do ataque estavam armados. Além do motorista e da cobradora, havia dentro do ônibus outros oito passageiros.

O grupo jogou gasolina e ateou fogo no veículo. O líquido acabou atingindo também parte do corpo do motorista, que saiu correndo. Um táxi estacionado ao lado também foi atingido pelo incêndio.

"Tinha menino de 10, 12 anos", disse a cobradora Riveria Freitas, que correu assustada ao ser abordada.

Os envolvidos no ataque saíram da Cidade Universitária pelo portão que dá acesso à favela São Remo, vizinha ao campus. Outros ônibus pararam de rodar na USP, e algumas aulas foram suspensas.

A polícia ainda não informou qualquer suspeita sobre a motivação do ataque. Alunos faziam referência a uma suposta retaliação à morte de um morador da São Remo.

O segurança Álvaro Rosa, 43, que trabalha na Cidade Universitária, estava de folga caminhando pelo campus. Voltava para casa, dirigindo-se ao portão que dá para a São Remo, quando ouviu um barulho vindo "de um grupo de meninos". "Achei que estavam jogando bola, mas depois vi que jogavam pedras no ônibus", afirmou.

Houve uma outra tentativa de ataque a um ônibus na av. Corifeu, às 19h20 –a suspeita é que tenham sido ataques simultâneos. O ônibus não chegou a pegar fogo. O motorista, que não quis ser identificado, diz que os autores também compunham um grupo de 30 jovens.

A Folha apurou que a polícia suspeita que o ataque tenha sido feito por retaliação. Às 5h desta quarta (31), um policial disparou contra dois suspeitos de praticarem um roubo numa casa na região do Butantã. Um deles morreu e o outro está em estado de saúde grave. À tarde, outro policial atirou em um rapaz que tentava roubar um ônibus na região do Jardim Arpoador. Houve troca de tiros e o suspeito teria morrido.

CARONA

Com a paralisação de outros ônibus no campus, alunos do período noturno não foram avisados e tiveram dificuldade para voltar para casa. Muitos caminhavam a pé à noite para sair da região.

No ponto de ônibus da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas), alunos pediam carona a quem passasse por ali por volta das 22h45. Carros passavam divulgando a informação de que não circulava ônibus no campus da USP e oferecendo caronas.

Aluno de história e morador de Guarulhos, Luiz Guilherme Izidoro, 17, esperava, ainda com esperança, o fretado para levá-lo para casa. Sua aula, como muitas na unidade, foi cancelada pelo professor quando uma aluna avisou na sala que havia recebido mensagens sobre o ônibus queimado. A preocupação foi acentuada em razão do boato de arrastões.


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