Dezembro de 1990. O Corinthians vencia pela primeira vez o Campeonato Brasileiro. A 340 km do Morumbi, a população de Santa Cruz do Rio Pardo comemorava: senão por torcerem para o time vencedor, pelo fato de o prefeito, dr. Clóvis, decretar feriado no dia seguinte.
Nove anos mais tarde, o mesmo clube ganhava o Campeonato Paulista. Clóvis estava em seu segundo mandato, e os santa-cruzenses tiveram mais um dia de folga.
À época, como noticiou esta Folha, o prefeito justificou, no decreto, que a "administração está afinada com os mais nobres anseios da população, reconhecendo o senhor prefeito, embora imparcial, a alegria de seus munícipes por esse feito histórico".
Não à toa, seu cartão de visitas trazia o epíteto "médico, prefeito e corintiano".
Nascido em São Pedro do Turvo (SP), estudou medicina na capital paulista e mudou-se para Santa Cruz a trabalho. Casou-se, teve cinco filhos e não saiu mais de lá.
Era sempre convidado a compor alguma chapa como vice-prefeito. Aceitou em 2008, mas não foi eleito.
Aposentado, decidiu realizar o sonho do pai (ter um filho advogado) e entrou em uma faculdade de direito em 2006, aos 68 anos. Formou-se com notas altas, conta o filho mais velho, André.
Tinha um gato chamado Tício Mévio Pablo Orfeu III.
Fumante inveterado, não resistiu a um enfisema pulmonar e morreu, no dia 19, aos 78 anos, na Santa Casa da cidade, onde trabalhou a vida toda. Deixa a companheira, cinco filhos e nove netos.
Foi sepultado com uma bandeira do time do coração.
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