Folha de S. Paulo


Paulo Sérgio de Oliveira (1951-2016)

Mortes: Mug, um sambista e poeta da Vila Brasilândia

Arquivo Pessoal
Paulo Sérgio de Oliveira, o Mug (1951-2016)
Paulo Sérgio de Oliveira, o Mug (1951-2016)

Carnaval de 1983. A Rosas de Ouro entra na avenida Tiradentes –não havia sambódromo do Anhembi na época. Cerca de 30 mil pessoas acompanham o desfile e se protegem da chuva, a grande protagonista daquele ano. Paulo Sérgio de Oliveira, o Mug, está atento a um dos carros da escola, que dá sinal de que vai parar. Sem pensar, ele se mete embaixo da alegoria, apoia a parte quebrada em um dos ombros. Com outro membro da escola, empurra o carro até terminar o percurso. É só choro no final. Não pelos machucados, mas pela superação, coroada depois com o título –o primeiro da agremiação.

Morador da Vila Brasilândia, zona norte de São Paulo, Mug viu a Rosas nascer perto de sua casa. Acompanhava os encontros e batuques antes mesmo de haver uma quadra de ensaio, antes até da data oficial de fundação: 1971.

"Quando ele me levou até a escola, era chefe da ala de passo marcado. Não era coreografia como hoje, era com samba mesmo, algo que não tem mais. Depois foi compositor, puxador de samba e fundou a Velha Guarda já em 2003", conta o amigo Dicá.

Seu ganha-pão era o trabalho no departamento pessoal de uma empresa de equipamentos, mas sua paixão pelo samba ia além da Rosas. Teve músicas gravadas e continuou a fazer apresentações até recentemente, tanto nas rodas de amigos quanto em casas de show. Para os amigos, era "o poeta de Brasilândia".

Dizia que faria uma música para a neta, Bia, de apenas um ano, mas não teve tempo. Morreu dia 11, aos 65, enquanto dormia. Deixa a mulher, Elma, dois filhos, a neta, o irmão e muitos amigos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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