Um brasileiro residente do Estado norte-americano de Connecticut foi acusado de matar a tiros sua filha de 19 anos, mais de dez anos após tentar matar a mãe dela, segundo a procuradoria do condado de Bristol.
Não está claro se o acusado constituiu advogado até esta segunda-feira (8). A Folha tentou entrar em contato com sua defesa, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.
Sabrina da Silva, estudante do Bristol Community College, universidade do Estado americano de Massachusetts, foi assassinada no último dia 3 de julho em frente à sua casa, na cidade de New Bedford. O autor dos tiros teria sido Walter da Silva, de acordo com a denúncia apresentada nesta segunda.
As autoridades não deram informações sobre o motivo do crime. Walter, 45, foi preso na sexta (5) pela polícia em Bridgeport e acusado inicialmente por ser foragido da Justiça e violar sua liberdade condicional —ele ainda cumpria pena por tentativa de homicídio, em 2002, da mãe de Sabrina.
"Esse caso de homicídio é particularmente arrepiante porque envolve um pai sendo acusado de matar sua própria filha", afirmou Thomas Quinn 3°, promotor distrital do condado de Bristol, em nota. "Ansiamos para processar o acusado por esse caso", declarou.
Segundo as autoridades americanas, Walter é cidadão brasileiro e não está claro se residia legalmente nos EUA. O acusado renunciou a uma possível extradição em audiência nesta segunda.
Walter já havia sido condenado em 2002, por tentativa de homicídio, após atacar sua então mulher, Lilian Silva, com uma faca, de acordo com informações publicadas pelo jornal "The Boston Globe". Na época, ele se encontrava ilegalmente nos EUA. Ele já havia sido deportado em 1999 após agredir a esposa, segundo documentos aos quais o "Globe" teve acesso. Ambos viviam separados desde 2001.
Lilian, mãe de Sabrina, afirmou estar aliviada com a prisão. "Estou muito interessada no que ele vai dizer. E eu quero justiça", declarou, segundo o "Boston Globe". "Não tenho mais minha filha. Isso me machuca profundamente".
CRIME
Ainda segundo o jornal americano, de acordo com Lilian, Walter havia retornado ao Brasil após ser solto e não via com a filha desde que ela tinha 4 anos de idade, mas ambos conversavam com frequência por Skype. Em maio, Sabrina foi visitá-lo em Connecticut no fim de maio, no aniversário de Walter.
Sabrina, que morava com a mãe e sua filha de 2 anos na cidade de New Bedford, desistiu de última hora de uma nova visita ao pai no feriado de 4 de Julho, período em que o crime ocorreu.
No dia 3, Sabrina saiu de casa dizendo que iria no mercado, mas não voltou. Foi atingida por vários disparos no estacionamento de seu condomínio e morreu na mesma noite. Segundo Lilian contou ao "Boston Globe", Sabrina queria se tornar intérprete judicial.