Folha de S. Paulo


Após ação policial, movimento sem teto perde força no Cine Marrocos

Fabiana Maisonnave/Folhapress
Tropa de choque bloqueia a entrada do Cine Marrocos
Tropa de choque bloqueia a entrada do Cine Marrocos

As cerca de 600 pessoas que vivem no Cine Marrocos, no centro de São Paulo, devem parar de pagar a mensalidade de R$ 200 cobrada pelo MSTS (Movimento Sem Teto de São Paulo), que organiza a ocupação do prédio de 12 andares desde 2013.

Moradores ouvidos pela Folha neste sábado (6) dizem já se conformar com a possibilidade de deixar o edifício que pertence à prefeitura e é alvo de um pedido de reintegração de posse.

"Vamos comunicar a todas as famílias que parem de pagar o movimento e guardem esse dinheiro porque vão precisar quando saírem daqui", diz uma moradora desempregada –ela pede para não ser identificada.

Na sexta (5), seis integrantes do movimento foram presos em ação que reuniu 500 policiais civis e militares no local e na cracolândia.

Segundo o Denarc (departamento de narcóticos), os organizadores do movimento coordenavam a venda de crack e maconha na cracolândia e na região da Galeria do Rock, ao lado do Cine Marrocos. Ao menos 32 pessoas foram presas.

Neste sábado (6), o movimento de moradores era intenso no prédio do Cine Marrocos, que já abrigou um dos mais luxuosos cinemas de São Paulo.

De acordo com moradores, técnicos da Defesa Civil estiveram no prédio neste sábado para averiguar as condições em que eles vivem. "Vão nos cadastrar para sair. Espero que a prefeitura nos ofereça alguma coisa porque a maior parte das pessoas não têm para onde ir", diz um homem que pede para não se identificar.

"São centenas de pessoas aqui que saem de manhã para trabalhar e voltam de noite. Não podemos ser comparados a quem comete crimes", complementa.

O MSTS, criado em 2012, é uma dissidência de outros grupos que lutam por moradia na cidade e já esteve envolvido em outras polêmicas, como a cobrança de taxa de famílias, que não é aceita por parte dos grupos de sem-teto.

A Folha tentou, mas não conseguiu falar com o MSTS.


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