Folha de S. Paulo


Para evitar assalto a aluno, Unifesp em Guarulhos prevê saídas em grupo

Alunos da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) têm enfrentado uma onda de assaltos na região do campus de Guarulhos (Grande SP).

Para tentar evitar os crimes, a direção da universidade decidiu marcar pontos de encontro para os estudantes e organizar saídas em grupo.

Apenas na última semana, foram três os assaltos a estudantes. Em um dos casos, três alunas foram roubadas de uma só vez num ponto de ônibus ao lado do campus.

A unidade de Guarulhos passou por reforma durante três anos, período em que os 3.200 alunos tiveram aulas em um prédio alugado na região central da cidade.

A onda de assaltos começou no início do semestre letivo, em maio, quando foi reaberto o campus no bairro dos Pimentas, localizado na periferia da cidade paulista.

A delegacia do bairro registrou 19% mais roubos no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado.

ÔNIBUS

A estudante Aline (nome fictício) foi uma das vítimas. Em julho, ela saiu de uma aula do curso de letras às 19h. Quando entrou no ônibus de volta para casa, sentou-se bem ao lado do homem que iria roubá-la logo depois.

Armado com uma faca, o rapaz se juntou a outros dois e fez um arrastão no coletivo, levando celulares de outros estudantes da universidade.

Os assaltos ocorrem também na rua da unidade e dentro de um terminal de ônibus ao lado do campus. Tanto a rua quanto o terminal têm iluminação precária –várias lâmpadas estão quebradas.

A parada de uma linha que vai para o metrô Armênia (zona norte de São Paulo) é o local mais visado pelos assaltantes –a maioria dos casos ocorreu lá, dizem os alunos. Às 19h, fica tudo escuro, pois não há iluminação no ponto.

Aline mudou a rotina: agora pega outro ônibus, que vai para São Miguel Paulista (zona leste) e tem o ponto mais movimentado. "Demoro mais tempo para chegar em casa e uso mais conduções", diz a aluna, moradora da Pompeia, na zona oeste de São Paulo.

EM GRUPOS

Parte dos estudantes reclama que o policiamento na região é escasso. Outro grupo rechaça um reforço da Polícia Militar, temendo abusos por parte dos policiais.

A universidade afirma que pediu à PM uma ronda escolar, mas que a rotina das ações depende do comando da Corporação. Também pediu melhorias à Prefeitura de Guarulhos na iluminação.

Após reclamações dos alunos, que chegaram a fazer um abaixo-assinado pedindo providências contra os crimes, a Unifesp enviou um comunicado informando que passará a organizar "saídas em grupos" e "pontos de encontros".

"Se saio sozinha da aula, posso virar alvo porque estou só. Se estou em grupo, posso ser alvo de arrastão", diz Joana, aluna de letras, que também faz um caminho mais longo para evitar assaltos no ponto de ônibus.

Questionada pela Folha, a Unifesp não informou quando os grupos de saída começam –as aulas entram em recesso nesta semana.

Em nota, a Secretaria Estadual da Segurança Pública, da gestão Geraldo Alckmin (PSDB), diz que houve 492 prisões na região no primeiro semestre, alta de 40%. Também diz ser "importante" que os alunos registrem boletins de ocorrência.


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