Folha de S. Paulo


Sogra de chefão da F-1 é libertada na Grande SP após 9 dias de sequestro

Nelson Antoine/Folhapress
Aparecida Schunck abraça a filha Fabiana na chegada ao DHPP, região central de São Paulo
Aparecida Schunck abraça a filha Fabiana na chegada ao DHPP, região central de São Paulo

A polícia de São Paulo libertou no início da noite deste domingo (31) a sogra de Bernie Ecclestone, o inglês todo-poderoso da F-1, que estava sequestrada havia nove dias. O resgate não foi pago.

Aparecida Schunck, 67, era mantida em um imóvel em Cotia, na Grande SP. Dois homens foram presos no local, e um terceiro integrante, que seria o chefe do grupo, ainda está sendo procurado. Os criminosos pediam resgate de R$ 120 milhões, que precisariam ser entregues em quatro pacotes de dinheiro vivo –o primeiro pedido teria sido acima desse valor.

Mãe da brasileira Fabiana Flosi, 38, casada com Ecclestone, 85, Aparecida foi sequestrada na noite de 22 de julho, em Interlagos, na zona sul. Os sequestradores tocaram a campainha da casa se passando por entregadores de móveis. Como a família aguardava uma entrega, a própria Aparecida abriu a porta de casa, quando foi rendida.

Reprodução/Facebook
Fabiana Flosi e Aparecida Schunck, sogra do empresário da F-1 Bernie Ecclestone
Fabiana Flosi e Aparecida Schunck, sogra do empresário da F-1 Bernie Ecclestone

Eles fugiram em dois carros: o Fiesta da sequestrada e um segundo carro, que acabou sendo decisivo para a localização dos criminosos. Segundo um integrante da investigação, apenas com base nos números finais da placa do carro, a polícia passou a fazer uma busca por exclusão. Checaram o cadastro de veículos e imagens de câmeras de rua até identificar a possível rota naquele dia –a cidade de Cotia.

Enquanto isso, os bandidos mantinham contato com a família apenas por e-mail. A primeira mensagem teria sido um texto longo e bem escrito, mas, com o passar dos dias, os criminosos passaram a mandar textos curtos e até com xingamentos à polícia.

A polícia descobriu o local do cativeiro no final da semana passada, quando passou a monitorar o local, até a ação por volta das 18h40 deste domingo. Aparecida foi encontrada em bom estado de saúde –ela não estava amarrada.

"Peço para os bandidos não sequestrarem ninguém em São Paulo porque eles serão presos", disse ela, em rápida declaração ao chegar à Polícia Civil, em São Paulo. Durante todo o período do sequestro, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) recebia relatórios diários com informações sobre o andamento das investigações.

Nos últimos anos, segundo estatísticas da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, o número de casos de sequestro tem caído. De 2012, quando houve 43 crimes desse tipo, até 2015, quando a pasta registrou 33 sequestros, a redução foi de 23%.

Na noite deste domingo, a delegada Elisabete Sato, do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), criticou veículos de imprensa que divulgaram o sequestro antes de sua conclusão. "Isso atrapalhou sobremaneira as investigações."

A Folha acompanhou o desenrolar desse sequestro desde o início, mas nada divulgou em respeito às normas do "Manual da Redação". O jornal pode decidir omitir uma informação se ela colocar em risco a segurança pública, uma pessoa ou uma empresa. A divulgação é feita somente com a autorização dos familiares das vítimas ou após a conclusão do caso.

Fabiana e Ecclestone moram em Londres. Os dois se conheceram em 2009, quando ela trabalhava na organização do GP do Brasil. Um ano depois, Ecclestone se separou de maneira ruidosa da ex-mulher, a ex-modelo croata Slavica Radic, com quem viveu por 25 anos.

Ele teve que pagar R$ 1,7 bilhão a ela. Pouco depois da separação, Fabiana deixou o Brasil e, em 2012, casou-se com Ecclestone em uma cerimônia em Gstaad, na Suíça.

Aparecida Palmeira deixou a sede do DHPP por volta da 0h30 desta segunda-feira (8) no carro da família, junto com a filha, Fabiana Flosi, sem falar com a imprensa. O carro foi escoltado por dois veículos com policiais.

Os dois presos Victor Oliveira Amorim, 19, procurado por furto e David Vicente de Azevedo, 23, foram levados para o IML (Instituto Médico Legal) para exame de corpo delito durante a madrugada e, depois, eles foram conduzidos a carceragem do 2º DP em Bom Retiro. Azevedo estava com a perna quebrada e, segundo a polícia, em decorrência de um tombo de moto dias antes.

SEQUESTROS EM SÃO PAULO

Nos últimos anos, segundo estatísticas da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, o número de casos de sequestro tem caído. De 2012, quando houve 43 crimes desse tipo, até 2015, quando a pasta registrou 33 sequestros, a redução foi de 23%.

No primeiro semestre deste ano, a tendência de queda na prática desses crimes parece estar mantida. Foram 14 casos até o fim de junho de 2016 –número inferior aos 17 sequestros registrados no primeiro semestre de 2015.

Sequestro e cárcere privado - Por Estado, em 2013

Sequestro e cárcere privado - Total, por ano

Colaboraram LEANDRO MACHADO, RODRIGO RUSSO e SIDNEY GONÇALVES DO CARMO


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