Folha de S. Paulo


Laura Camillo Hernandes Muchatte (1931-2016)

Mortes: Deixava bilhetes com orações, recados e histórias

Arquivo Pessoal
Laura Camillo Hernandes Muchatte (1931-2016)
Laura Camillo Hernandes Muchatte (1931-2016)

Laura estava costurando quando a filha caçula lhe pediu dinheiro. Sem entender o interesse da menina de apenas três anos, a mãe disse não algumas vezes até ver que a garota seguia ordens do irmão. Ele a assustava com uma minhoca para convencê-la.

A travessura, ocorrida há quase 50 anos, teria sido esquecida por muitas mães, mas não por Laura. A história foi deixada como uma anotação num de seus livros de receita.

Escrever pequenos bilhetes era a mania de Laura. Podia ser orações, receitas, recados, cenas engraçadas, cartas. Sempre em locais variados, sem organização. Até os armários tinham a data de compra na parte de dentro das portas.

Nascida em Pederneiras (SP), Laura cresceu com vários irmãos e primos, no sítio da família. Cursou só o primeiro ano do ensino fundamental, mas ajudava desde nova.
Foi para a capital paulista após casar-se com João, seu vizinho e primeiro namorado. Ficaram juntos por 51 anos, até a morte dele, em 2003.

Laura ajudava no bar e na alfaiataria do marido, preparando salgados e alinhando e chuleando roupas. Mas nunca se descuidava da casa e dos filhos. Fez modelitos para eles até mesmo na fase adulta.

O som do rádio e da máquina de costura começavam cedo. Cantava e ouvia músicas caipiras, mas seu maior ídolo era o cantor argentino Carlos Galdes. Também gostava de plantar flores, cozinhar, ir à missa, cuidar do seu visual.

Calma, quieta, dispensava passeios e bate-papos na rua.

Faria 85 anos neste domingo (24), mas morreu dia 17, de Alzheimer. Deixa quatro filhos, oito netos, genros, nora, cinco irmãos e sobrinhos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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