Fila dupla de carros e congestionamentos de até 2 km se tornaram frequentes no aeroporto de Congonhas (zona sul) após motoristas do Uber –aplicativo que conecta condutores particulares a passageiros– serem liberados para pegar quem desembarca ali. A avaliação é de agentes da CET que atuam no local.
Na última quinta-feira (14), a Folha constatou que, além de congestionamentos nos pontos de embarque e desembarque, havia grande quantidade de pessoas nas calçadas à espera dos veículos.
O elevado número de motoristas disponíveis nos acessos ao aeroporto pode ser constatado no próprio aplicativo, por meio do celular.
Ao acessar a plataforma pelo smartphone, a informação é que, em um minuto, o carro estará à disposição. O tempo, porém, é rapidamente alterado para até 13 minutos por causa do congestionamento que impede a circulação rápida dos carros.
"Esse trânsito está assim desde que o sinal do Uber foi liberado aqui. Tem fila dupla e, às vezes, tripla", disse um agente da CET à reportagem.
A analista comercial Sandra Lobato, 37, levou cerca de 20 minutos até conseguir chegar ao carro solicitado pelo serviço. "São Paulo é assim, a gente se acostuma com o trânsito", disse ela, que só pegou o carro após o motorista combinar um local para parar antes do espaço destinado ao embarque e desembarque.
O mesmo teve que fazer a analista de marketing Juliana Sachi, 28. "Estou esperando há muito tempo. Tenho que achar o motorista", disse.
Na última quinta, a reportagem demorou cerca de uma hora num trajeto que faria em 30 minutos entre a região central de São Paulo e o aeroporto. Na avenida Washington Luís, o trânsito estava travado quase um quilômetro antes do acesso a Congonhas.
Logo após acessar o viaduto Paulo Autran, que dá acesso ao aeroporto, ficava visível a confusão: carros disputavam espaço para chegar aos passageiros que aguardavam com celulares na mão, à espera ou de parentes ou do Uber.
REDUÇÃO
A CET informou, em nota, que mantém operação rotineira de trânsito no aeroporto de Congonhas, das 6h às 22h, para "coibir, principalmente, o estacionamento irregular e o embarque e o desembarque em fila dupla".
A companhia afirma que a operação é reforçada em julho com o período de férias, quando o movimento é maior.
Já os taxistas do aeroporto, que dispõem de área exclusiva para pegar passageiros, dizem amargar a redução do número de corridas por causa da concorrência com o Uber.
Para eles, diferentemente do que diz a CET, julho não é um mês de muito movimento. No mesmo horário, na semana passada, em que as filas de carro obstruíam o acesso ao setor de desembarque, havia poucas pessoas à espera de táxis.
"Julho já tem menos passageiros, porque é mês de férias e o movimento é menor na ponte aérea. Com o Uber, então, ficou pior", diz Romeu Antunes, 50, coordenador dos taxistas em Congonhas.
O Uber diz que os motoristas são orientados a pegar o passageiro onde ele selecionar o início da viagem, mas que não é responsável por infrações de carro particular.
"Ressaltamos que é importante que a sinalização e as leis de trânsito sejam respeitadas", diz.