Folha de S. Paulo


Estudante vítima de acidente com ônibus na Mogi-Bertioga tem alta

Reprodução/Facebook
O estudante Erick Pedralli, 21, está em coma no hospital em Guarujá
O estudante Erick Pedralli, 21, estava em coma no hospital em Guarujá

O estudante Erick Pedralli, 21, que estava internado desde o acidente que matou 18 pessoas na Mogi-Bertioga, em 8 de junho, teve alta do Hospital Santo Amaro, no Guarujá, litoral de São Paulo.

Na sexta-feira (1º), a mãe de Pedralli, Edna Pedralli, postou no Facebook que o filho tinha tido alta, mas ainda teria que passar por procedimentos.

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após 22 dias, vítima recebe altaErick Pedralli era um dos estudantes que estavam no ônibus do acidenteErick já recuperado com o pai, Edemir Pedralli
Erick com o pai, Edemir Pedralli

No dia do acidente, o pai de Erick, o motorista Edemir Pedralli, chegou a receber a notícia de que seu filho havia morrido.

Quando o pai foi até o IML (Instituto Médico Legal) em Guarujá, descobriu que o filho não estava morto, mas internado, em coma, em um hospital.

"Cheguei ao local do acidente em poucos minutos e fui informado de que o Erick havia entrado em óbito no Guarujá. Perdi o chão", disse o pai do estudante, na época.

Pedralli ficou em coma induzido por ter levado uma pancada na cabeça, que formou um edema no cérebro.

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PERGUNTAS E RESPOSTAS

1 - O que se sabe até agora?
Houve uma falha no sistema de freios do ônibus, apontou a perícia, e o veículo estava em alta velocidade, segundo o secretário de Segurança de SP, Mágino Alves. Antes de tombar, o ônibus ultrapassou e atingiu um carro em uma curva do trecho de serra da rodovia Mogi-Bertioga. Momentos antes do acidente, foi visto em velocidade acima da permitida. Cezar Donizetti Vieira, que dirigia o veículo, afirmou que estava a 60 km/h quando foi ultrapassado -no trecho, o limite é de 40 km/h com pista molhada e 60 km/h em pista seca. A documentação do veículo e do motorista estavam em ordem, segundo a empresa União do Litoral.

2 - O que causou o acidente?
A perícia aponta a falha nos freios como a causa mais provável. O condutor do carro atingido pelo ônibus disse à Folha ter sido empurrado para fora da faixa de rolamento, tamanha a velocidade do ônibus, sem ter ouvido barulho de freio mecânico ou a motor. Isso pode sinalizar tanto alguma pane no sistema de freios quanto algum equívoco do condutor.

3 - Qual a velocidade do ônibus no momento do acidente?
Não informação precisa, mas o veículo estava em alta velocidade, segundo o secretário de segurança. O tacógrafo dirá exatamente o que houve. O motorista do carro disse que, alguns quilômetros antes, o ônibus andava a 80 km/h e 90 km/h. A empresa disse que a última velocidade registrada pelo velocímetro foi de 41 km/h, mas essa medição é sujeita a imprecisões.

4 - O que é tacógrafo? O ônibus tinha esse equipamento?
Tacógrafo é uma espécie de caixa-preta do ônibus –um equipamento que registra a velocidade do veículo, a distância que percorreu e quanto tempo ficou em movimento e parado. O aparelho é obrigatório para ônibus acima de 10 lugares, de acordo com resolução do Conselho Nacional de Trânsito de 1998. O ônibus acidentado tinha um tacógrafo digital, já recolhido pela polícia.

5 - O motorista teve responsabilidade no acidente?
Não se sabe. Duas informações ao menos são necessárias para tentar atestar a causa: a perícia no ônibus e os dados do tacógrafo. Passageiros que usavam o transporte disseram que o motorista costumava andar em alta velocidade. Um abaixo-assinado em branco, encontrado entre os pertences das vítimas, também traz queixas sobre um dos condutores da empresa, por realizar manobras ilegais na Mogi-Dutra. Não está claro, porém, se o documento se referia ao motorista do ônibus acidentado. A empresa União do Litoral disse que o profissional não tinha nenhuma queixa em sua ficha funcional.

6 - Quais eram as condições da rodovia no momento?
Não chovia. Havia neblina antes do trecho de serra, mas não na altura do km 84, onde ocorreu o acidente, segundo o motorista do carro atingido.

7 - O trecho onde houve o acidente era perigoso?
Segundo a Polícia Rodoviária, o trecho entre os km 83 e km 89 é considerado "crítico". O acidente ocorreu no km 84, perto do início da descida da serra do Mar. Pelo menos outros quatro ônibus tombaram neste ponto desde 2006, deixando 54 feridos e quatro mortos. O último foi neste ano, mas sem vítimas. O mais grave havia ocorrido em 2006, quando 30 pessoas ficaram feridas e 3 morreram.

8 - Havia cinto de segurança no ônibus?
Sim, e o uso era obrigatório. Alguns sobreviventes disseram ter colocado o cinto só quando perceberam que o ônibus balançava. A empresa disse não ter como fiscalizar se todos os passageiros estavam usando no momento.

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O ACIDENTE

Por volta das 23h30 de quarta (8), ônibus tombou na rodovia Mogi-Bertioga (SP)

1. O ônibus seguia pela Mogi-Bertioga no sentido litoral, em trecho onde só há uma pista (existem duas pistas no sentido Mogi)

2. A neblina havia acabado após uma região da serra conhecida como "tobogã", e a rodovia tinha boa visibilidade

3. Próximo a uma curva à direita, sem acostamento, ele ultrapassou um carro, chegando a encostar no veículo

4. Nessa hora, começou a balançar, indo de um lado para o outro, prestes a virar

5. Tombou, deslizou pela pista e bateu em uma rocha na margem da via, parando de lado em uma vala

Editoria de Arte/Folhapress

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