Folha de S. Paulo


Lila Galvão de Figueiredo (1922-2016)

Mortes: Desenhista, feminista e na luta pela anistia

O dom de Lila Galvão de Figueiredo para os desenhos já era percebido na infância. Nos primeiros anos do ensino fundamental era escolhida pelas professoras para fazer desenhos em eventos comemorativos. Chegou a fazer o retrato de dom Pedro 1º.

Mais nova de cinco irmãos, ela nasceu em Piracicaba e cresceu em Campinas. Deixou o interior de SP já perto dos 18 anos, quando entrou na Belas Artes, na capital paulista.

Apesar do dom e da paixão que tinha pelos desenhos, não terminou a faculdade. Mas também não largou a arte. Casou-se e começou a fazer ilustrações para livros.

Também chegou a dar aulas em escolas públicas e fazer retratos, muitos retratos. Os filhos eram seus principais modelos, mas ela também fazia trabalhos por encomenda.

A prisão de dois de seus filhos, durante a ditadura militar, também colocou Lila na luta pela anistia e pelas mulheres. Ajudava a denunciar os abusos em jornais internacionais e entrou para o Movimento Feminino pela Anistia. Foi responsável por uma das imagens símbolo do grupo.

Ainda nos anos 70, participou da fundação do jornal "Brasil Mulher" e chegou a representar o país no Congresso Internacional Feminista.

Em casa, também era independente e feminista. Irônica e, às vezes, até sarcástica.

Trabalhou até depois dos 70, sendo sua última ilustração a do livro "A Relva Azul".

Nas horas vagas, gostava de receber amigos em casa, geralmente para uma partida de tranca ou buraco.

Morreu no dia 19, aos 94 anos, enquanto dormia. Deixa três filhos, duas netas, três bisnetos e os sobrinhos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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