Folha de S. Paulo


Câmara de SP adia votação de projeto que libera publicidade em bancas

Alessandro Shinoda/Folhapress
Banca de jornal em Cursino, zona sul da cidade de São Paulo
Banca de jornal em Cursino, zona sul da cidade de São Paulo

Sem acordo entre os vereadores de São Paulo, a votação do projeto que libera a publicidade nas cerca de 4.500 bancas de jornal em São Paulo foi adiado para o próximo semestre, após o recesso parlamentar de julho.

De autoria do prefeito Fernando Haddad (PT), a ideia é alvo de críticas dos idealizadoras da Lei Cidade Limpa –que barrou a publicidade em outdoors na cidade em 2006, na administração Gilberto Kassab (PSD).

Para a urbanista Regina Monteiro, autora da Lei Cidade Limpa, esse novo modelo de propaganda permitirá a volta da poluição visual. A prefeitura nega e diz que a publicidade em bancas de jornal, considerada parte do mobiliário urbano, é prevista na própria lei Cidade Limpa.

Um dos vereadores contrários à votação é Milton Leite (DEM), que, embora tenha integrado a base de apoio de Haddad durante os três primeiros anos de gestão, dá sinais de que não apoiará o prefeito nas eleições. "Esse projeto não vota nunca", disse ele nesta quarta-feira (29).

Segundo Alfredinho Cavalcanti (PT), o projeto foi adiado porque há outros textos importantes do Executivo a serem discutidos até sexta, como o Código de Obras –que define as regras de construções e reformas na cidade– e a Lei de Diretrizes Orçamentárias, que prevê metas e prioridades da administração para o próximo ano.

Atualmente, a publicidade na cidade se limita aos pontos de ônibus e relógios.

O contrato de propaganda nos pontos de ônibus é alvo de uma apuração do Tribunal de Contas do Município (TCM).

O tribunal apura ilegalidades na licitação e na execução do contrato para instalação e conservação de 6.500 abrigos de passageiros em São Paulo.

O relator do processo, João Antonio, aponta haver indícios de direcionamentos na concorrência vencida em 2012 –último ano da gestão Gilberto Kassab (PSD)– pelo consórcio PraSP, que é liderado pela construtora Odebrecht e tem participação do grupo de televisão Bandeirantes.

O grupo prevê investimentos da ordem de R$ 625 milhões por um período de 25 anos. Quase todos os pontos já foram instalados.

Em troca do investimento, o consórcio faz a exploração publicitária dos pontos de ônibus.

A gestão Kassab diz que a licitação foi autorizada pelo próprio TCM naquele ano e que a concorrência seguiu as regras e foi "pautado pela lisura".

O consórcio vencedor diz que cumpre todas as obrigações do contrato dentro do cronograma.


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