Folha de S. Paulo


PMs envolvidos em morte de universitário em SP são afastados

A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo afastou os policiais envolvidos na ocorrência que terminou com a morte do universitário Julio César Alves Espinoza, 24, nesta terça-feira (28) na capital paulista.

Espinosa morreu após ser baleado na cabeça e o carro dirigido por ele ser atingido por ao menos 16 tiros durante uma perseguição policial na madrugada de segunda (27).

Segundo a Polícia Militar, o jovem não obedeceu a ordem de parar na avenida Presidente Wilson, zona leste de São Paulo, por volta das 3h. Teve início uma perseguição que passou pelas avenidas Guido Aliberti e dos Estados, em São Caetano. Participaram da ação homens da PM e GCM (Guarda Civil Municipal) de São Caetano.

A perseguição terminou com o estudante baleado na cabeça e o carro atingido por ao menos 16 tiros na rua Guamiranga. Na delegacia, os policiais e guardas municipais disseram que o estudante atirou contra eles, que revidaram. Nenhum deles ficou ferido.

Ele chegou a ser levado ao Hospital Estadual da Vila Alpina, onde tinha estado considerado grave, mas não resistiu.

A Secretaria da Segurança afirmou ainda, em nota, "que, quando há fuga de veículo, a recomendação é o acompanhamento, que consiste na observação do veículo suspeito e na transmissão das coordenadas pela rede de rádio para efetuar o cerco com o apoio de outras unidades. Durante um acompanhamento, não são recomendados disparos de arma de fogo, sendo incorreta também a prática de disparos contra o pneu do veículo."

"Apenas em condições específicas que os disparos são permitidos, sempre com o objetivo cessar uma agressão, desde que não haja a possibilidade de colocar em risco a vida ou integridade física de terceiros", concluiu o órgão.

MENINOS MORTOS

Ao menos outros dois meninos e um adolescente foram mortos em supostos confrontos com policiais militares e GCMs (Guardas Civis Metropolitanos), nas zonas leste e sul de São Paulo, neste mês de junho.

Na noite de sábado (25), o menino Waldik Gabriel Silva Chagas, 11, foi morto por um guarda municipal, na região de Cidade Tiradentes, na zona leste de São Paulo. Dois motociclistas disseram para eles que tinham sido roubados por dois homens que estavam em um Chevette prata.

Os guardas localizaram o carro e começaram a perseguição. Segundo a polícia, os ocupantes do veículo efetuaram disparos contra os guardas, que revidaram. Um dos tiros atingiu a nuca do menino Waldik, que estava no banco de trás do carro. Na rua Regresso Feliz, os criminosos abandonaram o carro, com o garoto ferido, e fugiram a pé. Waldik foi levado ao Hospital Tiradentes, mas já chegou morto.

Na mesma região, o adolescente Robert Pedro da Silva Rosa, 15, foi morto em um suposto confronto com policiais militares, na noite da última sexta (24). Robert foi baleado após perseguição e troca de tiros com PMs da Força Tática. Ele era suspeito de ter roubado, momentos antes, um carro, de acordo com registros oficiais.

Segundo a versão oficial, o veículo foi localizado pelos PMs e, após breve perseguição, o adolescente perdeu o controle da direção, bateu o veículo em uma vala, e o abandonou. Ele entrou em um matagal, foi perseguido e, após disparar contra os PMs, recebeu três disparos: dois tiros acertaram no peito e um, na boca. Ao menos um dos disparos que acertaram Robert partiu de um fuzil 556. O menor foi levado a um hospital de Guaianazes, onde morreu.

No dia 2, o menino Italo, de dez anos, foi morto a tiros por policiais militares durante uma perseguição na zona sul de São Paulo. Italo e mais um colega de 11 anos haviam furtado um carro em um condomínio da região e passaram a ser perseguidos.

O menino de 11 anos, que estava com Italo dentro do carro, deu versões diferentes sobre o ocorrido. Nas duas primeiras vezes que foi ouvido, disse que o colega estava armado e que tinha efetuado três disparos contra a polícia. Depois, mudou a versão. Passou a dizer que nenhum dos dois estava armado e que a polícia plantou a arma para justificar os disparos.


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