Folha de S. Paulo


Leia perguntas e respostas com fatos e dúvidas sobre acidente com ônibus

A Polícia Civil investiga as razões pelas quais um ônibus com estudantes se acidentou no km 84 da rodovia Mogi-Bertioga na noite de quarta-feira (8). O motorista e 17 universitários morreram –confira o perfil das vítimas.

Entre as possibilidades que serão apuradas estão eventual falha mecânica do ônibus, um modelo 2005 da União do Litoral, ou um erro do motorista. Também será verificado se a velocidade do ônibus era compatível com o limite da rodovia –40 km/h para pista molhada e 60 km/h em pista seca.

A seguir, o que se sabe e o que ainda não se tem certeza sobre o episódio.

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PERGUNTAS E RESPOSTAS

1 - O que se sabe até agora?
Antes de tombar, o ônibus ultrapassou e atingiu um carro em uma curva do trecho de serra da rodovia Mogi-Bertioga. Momentos antes do acidente, foi visto em velocidade acima da permitida. Cezar Donizetti Vieira, que dirigia o veículo, afirmou que estava a 60 km/h quando foi ultrapassado -no trecho, o limite é de 40 km/h com pista molhada e 60 km/h em pista seca. A documentação do veículo e do motorista estavam em ordem, segundo a empresa União do Litoral.

2 - O que causou o acidente?
Ainda não se sabe. Caberá à Polícia Civil apurar. O condutor do carro atingido pelo ônibus disse à Folha ter sido empurrado para fora da faixa de rolamento, tamanha a velocidade do ônibus, sem ter ouvido barulho de freio mecânico ou a motor. Isso pode sinalizar tanto alguma pane no sistema de freios quanto algum equívoco do condutor.

3 - Qual a velocidade do ônibus no momento do acidente?
Há dúvidas a respeito. O motorista do carro disse que, alguns quilômetros antes, o ônibus andava a 80 km/h e 90 km/h. A empresa disse que a última velocidade registrada pelo velocímetro foi de 41 km/h, mas essa medição é sujeita a imprecisões. O tacógrafo dirá exatamente o que houve.

4 - O que é tacógrafo? O ônibus tinha esse equipamento?
Tacógrafo é uma espécie de caixa-preta do ônibus –um equipamento que registra a velocidade do veículo, a distância que percorreu e quanto tempo ficou em movimento e parado. O aparelho é obrigatório para ônibus acima de 10 lugares, de acordo com resolução do Conselho Nacional de Trânsito de 1998. O ônibus acidentado tinha um tacógrafo digital, já recolhido pela polícia.

5 - O motorista teve responsabilidade no acidente?
Não se sabe. Duas informações ao menos são necessárias para tentar atestar a causa: a perícia no ônibus e os dados do tacógrafo. Passageiros que usavam o transporte disseram que o motorista costumava andar em alta velocidade. Um abaixo-assinado em branco, encontrado entre os pertences das vítimas, também traz queixas sobre um dos condutores da empresa, por realizar manobras ilegais na Mogi-Dutra. Não está claro, porém, se o documento se referia ao motorista do ônibus acidentado. A empresa União do Litoral disse que o profissional não tinha nenhuma queixa em sua ficha funcional.

6 - Quais eram as condições da rodovia no momento?
Não chovia. Havia neblina antes do trecho de serra, mas não na altura do km 84, onde ocorreu o acidente, segundo o motorista do carro atingido.

7 - O trecho onde houve o acidente era perigoso?
Segundo a Polícia Rodoviária, o trecho entre os km 83 e km 89 é considerado "crítico". O acidente ocorreu no km 84, perto do início da descida da serra do Mar. Pelo menos outros quatro ônibus tombaram neste ponto desde 2006, deixando 54 feridos e quatro mortos. O último foi neste ano, mas sem vítimas. O mais grave havia ocorrido em 2006, quando 30 pessoas ficaram feridas e 3 morreram.

8 - Havia cinto de segurança no ônibus?
Sim, e o uso era obrigatório. Alguns sobreviventes disseram ter colocado o cinto só quando perceberam que o ônibus balançava. A empresa disse não ter como fiscalizar se todos os passageiros estavam usando no momento.

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O ACIDENTE

Editoria de Arte/Folhapress
Mapa acidente Mogi

Por volta das 23h30 de quarta (8), ônibus que levava estudantes tombou na rodovia Mogi-Bertioga (SP)

1. O ônibus seguia pela Mogi-Bertioga no sentido litoral, em trecho onde só há uma pista (existem duas pistas no sentido Mogi)

2. A neblina havia acabado após uma região da serra conhecida como "tobogã", e a rodovia tinha boa visibilidade

3. Próximo a uma curva à direita, sem acostamento, ele ultrapassou um carro, chegando a encostar no veículo

4. Nessa hora, começou a balançar, indo de um lado para o outro, prestes a virar

5. Tombou, deslizou pela pista e bateu em uma rocha na margem da via, parando de lado em uma vala

Editoria de Arte/Folhapress

A ESTRADA E O ÔNIBUS

O percurso até Mogi das Cruzes é feito todos os dias, com cerca de 250 universitários, por 6 ônibus fretados pela Prefeitura de São Sebastião

40 a 60 km/h é o limite de velocidade no trecho da serra da Mogi-Bertioga (40 km/h com pista molhada e 60 km/h em pista seca)

64 acidentes aconteceram na rodovia em 2016; neles, seis pessoas morreram

4 ônibus, pelo menos, tombaram neste ponto desde 2006, deixando 54 feridos e 4 mortos. O último foi neste ano, mas sem vítimas

Modelo do ônibus do acidente: Marcopolo Viaggio G6 1050
Empresa: União do Litoral
Ano de fabricação: 2005

Fontes: Prefeitura de São Sebastião, Polícia Rodoviária Estadual, DER, União do Litoral e Cezar Donizetti Vieira, 54, que dirigia o carro atingido pelo ônibus


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