"Corre, corre, caminhão desgovernado", alguém gritava por volta das 3h30 desta quinta-feira (9) próximo ao local do acidente com um ônibus de estudantes universitários que matou ao menos 18 pessoas na rodovia Mogi-Bertioga.
Jornalistas, parentes, amigos e motoristas que esperavam a liberação da pista começaram a correr para todos os lados na tentativa de escapar do caminhão desgovernado.
Alguns se jogaram na mesma vala onde metros a frente o ônibus tombou. Outros ultrapassaram a área isolada pelos Bombeiros.
O caminhão tinha atingido um veículo do DER (Departamento de Estradas de Rodagem) que ocupava metade da pista metros antes do acidente e só parou após prensar um carro dos Bombeiros em um caminhão da corporação. O motorista do caminhão afirmou ter perdido o freio. Ninguém ficou ferido.
Após escapar de um atropelamento, todos se entreolharam. "Estou com as pernas bambas" e "Meu coração gelou" eram as frases ouvidas.
A reportagem da Folha constatou que não havia nenhum bloqueio antes da curva próxima ao local do acidente, cerca de 500 metros, alertando quem vinha pela rodovia no sentido litoral. O motorista do caminhão afirmou ter perdido o freio.
Os policiais rodoviários começaram a sinalizar melhor a rodovia depois do acidente com o caminhão.
SEQUÊNCIA DE ACIDENTES EM SC
Os acidentes desta madrugada na rodovia Mogi-Bertioga lembram um caso de 2007, quando dois acidentes em sequência mataram 27 pessoas na BR-282, em Descanso, no oeste de Santa Catarina.
O primeiro acidente ocorreu à noite, quando um caminhão tentou ultrapassar um segundo em uma curva e colidiu com um ônibus. Os dois veículos caíram em uma ribanceira. Sete pessoas morreram, e a estrada foi interditada por policiais e bombeiros.
Uma hora e meia depois, um caminhão ignorou a sinalização na pista, atropelou pessoas e atingiu dez carros dos bombeiros e da Polícia Militar, deixando 20 mortos.
Entre os mortos nesse segundo desastre, estavam cinco passageiros do ônibus que esperavam pelo resgate no veículo.