Folha de S. Paulo


Advogado usa troca de mensagens para provar inocência de jogador

Advogado do jogador Lucas Perdomo, Eduardo Alves apresentou nesta quarta (1º) uma troca de mensagens para tentar provar a inocência do seu cliente.

Segundo o advogado, Bruna Dias, amiga do atleta, apresentou aos policiais uma conversa privada pelo Twitter com a menor estuprada no Rio que inocenta Perdomo.

No bate-papo exibido aos jornalista pelo advogado, Bruna pergunta na sexta (27) a uma pessoa, que supostamente seria a vítima do estupro coletivo, se foi o "Petão mesmo" [apelido de Lucas na comunidade], que teria cometido o crime. Uma das respostas é "Não tá louca". De acordo com o advogado, a resposta nega a participação de seu cliente no estupro.

Ele não confirmou se a polícia irá aceitar as fotos da conversa entre as jovens como prova. Mas disse: "outros depoimentos também convergem para a nossa tese".

"O ambiente judicial e policial assusta os adolescentes. No ambiente entre jovens, de rede social, eles acabam ficando mais à vontade e contam a verdade", acrescentou Alves.

Segundo a investigação, Perdomo é apontado como namorado da vítima e esteve com a menor na noite do crime. A investigação teve início após um vídeo da jovem, nua e desacordada, ser postado em redes sociais na terça (24).

Na gravação, um grupo de homens, em meio a risadas, toca nas partes íntimas da garota e diz: "mais de 30 engravidou" [sic]. O jogador do Boavista e mais dois suspeitos já foram presos.

A defesa do jogador sustenta que Lucas esteve mais cedo no local onde aconteceu o crime, uma casa abandonada conhecida como "matadouro". Lá, segundo Antunes, ele teve relação sexual consentida com uma amiga da jovem, citada por Raí de Souza, outro suspeito de envolvimento no crime, em depoimento à polícia.

No entanto, a defesa alega que ele teria saído junto com Raí e a jovem com quem manteve relação. A adolescente violentada teria ficado dormindo na casa. Mais cedo, outro suspeito de envolvimento no caso, Raphael Belo, de 41 anos, entregou-se na Cidade da Polícia.

ESTUPROS NO BRASIL - Apenas 35% dos casos são notificados, segundo pesquisas internacionais

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CRONOLOGIA DO CASO

21.mai.2016 - A adolescente é estuprada de madrugada no complexo de favelas São José Operário, zona oeste do Rio, após ir a um baile funk

24.mai.2016 - A vítima fica sabendo que um vídeo seu circula na internet e volta ao morro para falar com o chefe do tráfico e tentar reaver seu celular, que havia sido roubado

25.mai.2016 - A família da menina é avisada por um vizinho sobre a gravação, em que um grupo de homens, em meio a risadas, toca nas partes íntimas da garota e diz que ela foi violentada por "mais de 30". Em 2009, a lei 12.015 foi alterada e passou a considerar como estupro, além da conjunção carnal, atos libidinosos

26.mai.2016 - A jovem presta o primeiro depoimento à polícia, é medicada em um hospital e faz exames no IML (Instituto Médico Legal)

27.mai.2016 - Ela presta mais dois depoimentos à polícia, assim como dois dos suspeitos de participar do crime; a polícia localiza a casa em que o estupro aconteceu

28.mai.2016 - A então advogada da vítima, Eloísa Samy, pede à Promotoria do Rio o afastamento do delegado Alessandro Thiers. Segundo Samy, Thiers estava tratando o caso com "machismo e a misoginia"

29.mai.2016 - Pressionada, a Polícia Civil do Rio passa o comando das investigações à delegada Cristiana Bento, da DCAV (Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima); a pedido da família, a Defensoria Pública passa a defender a menina, que entra em programa de proteção do Estado

30.mai.2016 - Polícia Civil realiza operação para prender seis suspeitos de participar do crime; quatro continuam foragidos


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