Folha de S. Paulo


Exame 4 dias após estupro no Rio não aponta violência, diz TV

O laudo da perícia do exame de corpo e delito realizado na adolescente de 16 anos, vítima de estupro coletivo no Rio de Janeiro, aponta que não foram encontrados indícios de violência.

A informação foi divulgada no programa "Bom Dia Rio", da TV Globo, nesta segunda-feira (30). Segundo o documento, a demora da vítima em acionar a polícia foi determinante para o resultado –o exame foi realizado no dia 25 de maio, quatro dias após o crime. Contudo, a falta de indícios não significa necessariamente que a vítima não tenha sido estuprada.

A delegada Cristiana Bento, titular da DCAV (Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima), dará uma entrevista sobre o caso na tarde desta segunda. Ela assumiu a investigação após a Polícia Civil do Rio retirar o delegado Alessandro Thiers, que foi acusado pela defesa da adolescente de tratar o caso com "machismo e a misoginia"

"A medida visa evidenciar o caráter protetivo à menor vítima na condução da investigação, bem como afastar futuros questionamentos de parcialidade no trabalho", diz a nota da Polícia Civil.

Neste domingo (29), o chefe da Polícia Civil do Rio, o delegado Fernando Veloso, disse que o laudo feito no vídeo sobre o estupro vai "contrariar o senso comum" e que não havia registro de sangue nas imagens.

"Não há vestígios de sangue nenhum que se possa perceber pelas imagens que foram registradas. Eles já estão antecipando, alinhando algumas conclusões quanto ao emprego de violência, quanto à coleta de espermatozoides, quanto às práticas sexuais que possam ter sido praticadas com ela ou não. Então, o laudo vai trazer algumas respostas que, de certa forma, vão contrariar o senso comum que vem sendo formado por pessoas que sequer assistiram ao vídeo", disse Veloso.

A polícia informou que a adolescente de 16 anos entrou no Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte. A advogada dela, Eloísa Samy, anunciou nas redes sociais que deixou o caso. A Defensoria Pública do Rio passou a representar a vítima. Na TV, a adolescente disse que está com medo e tem recebido ameaças de morte na internet.

FORAGIDOS

Policiais civis de várias delegacias do Rio realizam nesta segunda-feira (30) uma operação para prender seis suspeitos de participar do estupro coletivo de uma adolescente de 16 anos, no dia 21 de maio. Eles já são considerados foragidos pela policia.

São procurados Raí Souza, 18, que seria o dono do celular no qual foi feita a gravação da vítima nua, o jogador de futebol Lucas Perdomo, 20, apontado como namorado da vítima, Michel Brasil, Raphael Belo, Marcelo Correa e Sergio Luiz da Silva Junior. Esse último, conhecido como Da Rússia, é chefe do tráfico do morro da Barão, onde ficava casa em que menina foi estuprada.

Polícia Civil / Divulgação
Procurados pela policia (da esq. para a dir.): Sergio Luiz da Silva Junior, Marcelo Miranda da Cruz Correa, Raphael Belo, Michel Brasil, Lucas Perdomo e Raí de Souza
Procurados pela policia (da esq. para a dir.): Sergio Luiz da Silva Junior, Marcelo Miranda da Cruz Correa, Raphael Assis Duarte Belo, Michel Brasil da Silva, Lucas Perdomo e Raí de Souza

Além de mandados de prisão, a polícia também cumpre mandados de busca e apreensão na casa dos suspeitos. Os agentes estiveram em endereços na Praça Seca e na Taquara, em Jacarepaguá, no Recreio dos Bandeirantes, na favela do Rola, em Santa Cruz, e na favela de Cidade de Deus.

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CRONOLOGIA DO CASO

21.mai.2016 - A adolescente foi estuprada na madrugada no complexo de favelas São José Operário, zona oeste do Rio, após ir ao baile funk. Em 2009, a lei 12.015 foi alterada e passou a considerar, além da conjunção carnal, atos libidinosos como crime de estupro.

22.mai.2016 - Acorda cercada por homens armados, mesmo dia em que volta para casa

24.mai.2016 - A vítima fica sabendo que um vídeo com ela circula na internet e volta ao morro para falar com o chefe do tráfico

25.mai.2016 - A família da menina é avisada por um vizinho sobre o vídeo

26.mai.2016 - A jovem presta o primeiro depoimento à polícia, é medicada em um hospital e faz exames no IML

27.mai.2016 - A menina presta mais dois depoimentos à polícia, assim como dois dos suspeitos de participar do crime; neste mesmo dia, a polícia localiza a casa em que o crime aconteceu

28.mai.2016 - A advogada da vítima, Eloísa Samy, pediu à Promotoria do Rio o afastamento do delegado Alessandro Thiers, títular da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DCRI). Segundo Samy, Thiers estava tratando o caso com "machismo e a misoginia"

29.mai.2016 - Pressionada, a Polícia Civil do Rio tirou do delegado Alessandro Thiers o comando das investigações. O caso passou para a delegada Cristina Bento, titular da DCAV (Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima).

O Chefe da Polícia Civil, Fernando Veloso, disse em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, que o laudo do vídeo sobre o crime deverá contrariar o "senso comum" e que não havia registro de sangue nas imagens. Também neste domingo, a polícia informou que a vítima entrou no Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte.

A advogada da adolescente, Eloísa Samy, anunciou nas redes sociais que deixou o caso. A Defensoria Pública do Rio passou a representar a vítima. Na TV, a adolescente disse que está com medo e tem recebido ameaças de morte na internet

ONDE FOI O CRIME Caso é investigado pela Polícia Civil e Ministério Público do Rio

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