Folha de S. Paulo


Motoristas de ônibus aceitam proposta e cancelam greve; Metrô para na terça

Guilherme Brendler/Folhapress
Assembleia de motoristas e cobradores de ônibus; categoria aceitou reajuste e desistiu de greve
Assembleia de motoristas e cobradores de ônibus; categoria aceitou reajuste e desistiu de greve

Motoristas e cobradores de ônibus de São Paulo aceitaram proposta das empresas da categoria na tarde desta sexta-feira (20), em assembleia, e desistiram de greve que estava programada para segunda-feira (23).

Já os metroviários definiram, também em assembleia, paralisação na próxima terça (24).

Em nova oferta aos trabalhadores de ônibus, os empresários propuseram 7,5% de aumento salarial, abaixo da inflação. O índice no ano passado foi de 10,67% (IPCA). Além disso, o tíquete-refeição passará a ser de R$ 20,50 por dia e haverá participação em lucros e resultados (PLR) de R$ 1.300, que serão pagos integralmente até agosto.

A categoria havia cruzado os braços por duas horas na quarta-feira (18) e por uma hora no dia seguinte, em protesto contra a oferta inicial feita pelo sindicato patronal (SPUrbanuss), de 2,31% de aumento no salário e no vale-refeição.

"Claro que não foi a campanha salarial dos sonhos, mas nós temos que saber entender o momento. Não estamos numa ilha isolada. Vamos ter que sofrer com as consequências, acabamos cedendo na questão do aumento até para não prejudicar mais ainda a população da cidade de São Paulo", disse Valdevan Noventa, presidente do Sindimotoristas.

"Quero agradecer a Deus pela força nesse momento de luta, de crise. Nesse momento que o país está passando quem paga a conta são os trabalhadores. Vem aí um arrocho pra cima dos trabalhadores. Eles criaram a crise e a gente que paga a conta", afirmou Noventa.

Antes de anunciar a proposta das empresas aos cerca de mil trabalhadores que estavam na assembleia, Noventa disse que "essa campanha salarial vai ser um marco da nossa história. Foi a mais difícil que passou no nosso mandato. A proposta não é excelente, mas para este momento é razoável".

Para Francisco Christovam, presidente do SPUrbanuss, "foi uma negociação difícil, mas com extrema responsabilidade de ambos os lados". "Conseguimos chegar no máximo que podíamos suportar e eles [motoristas], chagaram ao mínimo que podiam aceitar. Não foi fácil, mas estamos muito felizes. Agora teremos que negociar com o poder público", afirmou.

A gestão Fernando Haddad (PT) elevou em 150% os repasses do município às empresas de ônibus para cobrir a diferença entre arrecadação e custo do sistema nos primeiros cinco meses de 2016 em relação ao mesmo período do último ano de Gilberto Kassab (PSD).

Em 2015, a gestão Haddad repassou R$ 1,9 bilhão às viações para compensar esse deficit –motivado, dentre outros fatores, pelas gratuidades (incluindo idosos e alunos da rede pública) e descontos (como do Bilhete Único).

METRÔ

Na noite de quinta-feira, os funcionários do Metrô marcaram uma greve de advertência de 24 horas para a próxima terça-feira.

Em comunicado, os sindicalistas informam já terem realizado quatro reuniões com o Metrô, sem ter chegado a uma proposta de reajuste salarial. Os metroviários pedem 10,82% de reajuste mais 6,59% de aumento real e ainda acusam a companhia de querer retirar "vários direitos trabalhistas". Entre os pontos reclamados estão a mudança das datas de pagamento, o pagamento da participação nos lucros em duas vezes (era feito um único pagamento), o adiamento de férias e a redução do adicional de hora extra, de 100% para 50%.

Na segunda-feira (23) os metroviários devem trabalhar sem uniforme e, no fim do dia, realizam nova assembleia.

Na terça, dia da paralisação, um ato público na praça Roosevelt, às 17h, deve contar com a participação de servidores públicos estaduais de diversas categorias, incluindo os funcionários do Metrô, ferroviários, professores, trabalhadores da Sabesp e da Fundação Casa, além de estudantes. O protesto será contra o "sucateamento do serviço público promovido pelo governador Geraldo Alckmin", segundo o sindicato.

Procurada, a Companhia do Metropolitano de São Paulo informou que lamenta a decisão dos sindicalistas, que classificou de "prematura" e que propôs uma reunião para continuar as negociações na quarta-feira (25). Segundo a empresa estadual, nesse encontro seria apresentado o índice econômico, que reajusta salários, benefícios, auxílios, adicionais e gratificações, e seriam discutidas também outras pendências do acordo coletivo de trabalho.

Sobre a redução de direitos apontada pelo sindicato, o Metrô disse apenas que "vem honrando suas obrigações trabalhistas" e que busca uma alternativa econômica que atenda aos trabalhadores mas que seja suportada pela companhia, "para não comprometer seu equilíbrio financeiro". Na resposta oficial, o Metrô diz ainda esperar que o sindicato reveja sua posição.


Colaborou PAULO GOMES


Endereço da página:

Links no texto: