Folha de S. Paulo


Tribunal de Contas cobra explicações do Metrô de SP sobre manutenção

Um relatório do Tribunal de Contas do Estado (TCE) publicado nesta quarta-feira (18) lista diversos problemas nos serviços do Metrô de São Paulo e cobra esclarecimentos sobre a manutenção do serviço, questionando a redução do repasse do governo e o sucateamento dos trens.

Segundo o despacho, 91,8 mil viagens não foram feitas em 2015 por conta de indisponibilidade de trens nos horários de pico. A empresa já tem menor número de trens à disposição, maior tempo de espera no horário de pico, e vem sendo obrigada a retirar trens de operação para servir de "estoque" de peças.

Proferido pelo conselheiro Antonio Roque Citadini, o texto questiona o valor R$ 111 milhões menor do que o previsto na Lei Orçamentária para o repasse referente ao ressarcimento de gratuidade e subsídio aos estudantes. No ano passado, a gestão Alckmin deu um calote de R$ 66 milhões na empresa, dinheiro que seria usado para cobrir os custos da política de gratuidades.

A publicação no Diário Oficial aponta ainda o aumento do número de falhas nas linhas 1-azul e 2-verde nos últimos anos, bem como a redução na linha 3-vermelha, e ressalta o percentual de usuários insatisfeitos com o tempo de espera dos trens. "São 34%; e 45% dos não satisfeitos com a quantidade de trens que espera para conseguir embarcar", diz o texto.

Sobre os trens parados que vêm sendo utilizados como estoque de peças sobressalentes, conforme revelou a Folha em março, o relatório afirma que o Metrô apresentou lista à comissão do TCE em que constavam "centenas de peças" faltantes nesses trens, que pertenceriam a três frotas (I, K e L).

A perícia, no entanto, aferiu que existem itens na lista que não pertencem a estas frotas, bem como itens que deveriam fazer parte do estoque regular por não serem o tipo de peça que pode ser encaminhada para reparo em garantia, como os bancos. E alerta que até o início de 2017 trens novos podem entrar na mesma situação de fonte de peças de reposição.

FUNCIONÁRIOS E USUÁRIOS

O TCE questiona também medidas de cunho trabalhista, como o parcelamento da participação de resultados, mudança de datas de pagamento a empregados e reprogramação de férias.

Em termos de satisfação dos usuários, o relatório aponta pesquisa da Associação Nacional de Transportes Púbicos (ANTP) que tem resultados divergentes dos de pesquisa do Metrô, apontando queda acentuada da satisfação –em 15 anos o quesito "excelente-bom" caiu de 96% para 65%.

Em nota, o metrô afirmou que irá prestar todos os esclarecimentos ao Tribunal de Contas.


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