Folha de S. Paulo


JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA (1958-2016)

Mortes: Jornalista que compartilhava lições e piadas

Discrição não era uma característica do jornalista João Carlos de Oliveira, o Cao. Todos os dias, após suas apurações, caminhava pelas Redações dos jornais agitado, pronto para contar uma piada —mesmo que não tivesse graça nenhuma. Os colegas ouviam de longe as risadas.

Os novatos na Redação se assustavam com suas manias. Tomava café frio e com muito açúcar, alternava o cigarro e a bombinha para asma, fazia quase todas as refeições em sua mesa de trabalho.

Apesar disso, acabava atraindo os recém-chegados. Transmitia calma, ensinava e orientava. Não dava broncas e compartilhava até fontes.

Formado na USP, Cao dedicou mais de 30 anos ao jornalismo. Foram 14 anos nesta Folha, antes de passar pelo Unibanco, pela revista "Primeira Leitura", pela Agência Estado e pela Rede TV!. Até de muletas trabalhou quando foi atingido por um colega durante uma partida de futebol.

Estava sempre falando dos filhos, da família e até das pequenas paixões que tinha. Pedia segredo, apesar de contar ele mesmo para todos na Redação.

Quando não estava trabalhando, gostava de ler e cantar. Na juventude, chegou a participar de festivais com os irmãos, mas, mais recentemente, se contentava com eventuais visitas ao caraoquê com amigos ou parentes.

Mais velho de cinco irmãos, gostava de ter a família unida, tendo voltado a morar com a mãe e a irmã nos últimos anos. Diagnosticado com um câncer agressivo, passou por cirurgias e, no final, lamentava não poder tomar sorvete.

Morreu no dia 2, aos 58 anos, após complicações. Deixa dois filhos e três irmãos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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