Folha de S. Paulo


Protestos de taxistas contra Uber fecham vias em SP e afetam trânsito

As manifestações de taxistas interromperam ou restringiram o trânsito em seis pontos da cidade na tarde desta quarta-feira (4).

O viaduto Jacareí, no centro de São Paulo, está totalmente fechado por manifestantes contrários ao projeto que regulamenta o Uber.

Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), às 17h estavam interrompidas todas as faixas da rua Maria Paula, na altura da Câmara Municipal, e a praça Charles Miller, na altura do número 263. O trânsito registrado no horário foi de 54 km, abaixo da média, que vai de 65 a 111 km.

Giba Bergamim Jr./Folhapress
Protesto de taxistas em frente à Câmara Municipal de São Paulo contra o projeto que regulariza o Uber
Protesto de taxistas em frente à Câmara Municipal de São Paulo contra o projeto que regulariza o Uber

O projeto está na pauta de votação, mas não há certeza que ele será votado na Câmara Municipal, já que há resistência de pelo menos oito líderes de partidos na Casa. A entrada do Legislativo está fechada para o público.

A cooperativa de táxi Guarucoop, que tem concessão para atuar no aeroporto de Guarulhos, levou cooperados em pelo menos oito ônibus fretados para a Câmara.

Muitos dos manifestantes carregam faixas e cartazes que dizem que um sobrinho do prefeito Fernando Haddad (PT) é funcionário do Uber.

A informação foi confirmada pela empresa, que afirma não haver nenhuma relação da contratação com o fato de Guilherme Haddad Nazar ser parente do prefeito.

A gestão Haddad diz que o prefeito não comenta assuntos de ordem pessoal.

O protesto começou pela manhã em Congonhas. Os motoristas realizam um bloqueio e buzinaço na área de desembarque do aeroporto para tentar convencer colegas que trabalham no local –e que não integram cooperativas– a participar de ato em frente à Câmara Municipal.

Passageiros que desembarcavam não conseguiram tomar táxis e tiveram que sair a pé em busca de alternativas, como ônibus. A advogada Isabela Silva, 28, que chegava do Rio a trabalho, disse que os taxistas no local disseram que não era para ficar ali, porque eles estavam fazendo protesto.

"Uma pessoa conseguiu parar um táxi, aí veio um taxista que estava na manifestação, puxou o passageiro pelo braço e disse, aos berros, que ela não iria embarcar. Aí se virou para o taxista e disse 'se embarcar eu vou quebrar o seu táxi inteiro'. Só consegui pegar porque na hora que o meu táxi passou tinha um carro da Polícia Civil atrás", diz a advogada.

"Demorei quase uma hora para conseguir um táxi numa região em que a gente consegue um táxi em 15 minutos", afirma Isabela.

Veja vídeo

O Legislativo municipal deve votar hoje o projeto que regulariza aplicativos de transportes como o Uber. A ideia dos taxistas é sair em comboio do aeroporto para a Câmara de Vereadores.

Mais do que legalizar o polêmico serviço on-line que conecta motoristas a passageiros e causa a revolta dos taxistas, o projeto prevê regulamentação de aplicativos de carona e de aluguel de carros particulares.

O aeroporto ficou fechado pela manhã nesta quarta por mais de uma hora por causa da forte neblina que atingiu a região. Dez voos foram cancelados.

Como funciona o Uber

Mesmo se a Câmara não votar, o prefeito Fernando Haddad (PT) vai regulamentar o serviço por decreto, conforme a Folha mostrou na semana passada.

É isso que boa parte dos vereadores quer. O fim da discussão na Casa evitaria mais desgastes, já que taxistas ameaçam novos protestos, como o da semana passada, em frente à Câmara. Taxistas ameaçam "parar a cidade" caso o Uber seja legalizado, pois consideram que o aplicativo faz concorrência desleal.

"O prefeito, então, que faça por decreto e tire esse inferno da Câmara", disse Nelo Rodolfo (PMDB), durante a reunião de líderes de partido na terça (3). Representante de interesses dos taxistas, Adilson Amadeu (PTB), apresentou um requerimento com assinaturas de líderes de oito partidos (PSDB, PTB, PV, PR, DEM, PRB, PSB e PP) para retirar o projeto da pauta.

A novela do Uber


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