Folha de S. Paulo


Moradores fazem abaixo-assinado contra mirante em Ilhabela (SP)

Divulgação
Croqui do mirante de Ilhabela
Croqui do mirante de Ilhabela

Um polêmico mirante, de mais de 20 metros de altura, de frente para o canal de São Sebastião, foi encomendado pela Prefeitura de Ilhabela ao arquiteto Ruy Ohtake.

Se, de um lado, o prefeito Toninho Colucci (PPS) defende totalmente o projeto, que deve custar aos cofres públicos por volta de R$ 2,5 milhões, de outro parte dos moradores de Ilhabela está contra a novidade na cidade do litoral norte de São Paulo.

Um abaixo-assinado eletrônico com milhares de assinaturas dá o tom das reclamações. Alguns chamam o mirante de horroroso e sem conexão com a paisagem da cidade. Outros acham desperdício de dinheiro público.

Editoria de arte/Folhapress

Há um grupo, também, que questiona, na Justiça, o fato de o projeto ter sido contratado sem licitação. Outra queixa é que, antes de o contrato ser fechado, a população não foi ouvida. O projeto, para muitos, também fere a legislação ambiental e o Plano Diretor da cidade.

Na quarta (27), houve uma audiência pública para que o projeto fosse apresentado aos moradores. Quem participou disse que precisou pressionar o poder público para que a reunião fosse marcada.

O prefeito afirma que a apresentação do projeto à cidade estava prevista desde o início da ideia do mirante.

Pelo projeto, a torre com um mirante, que deverá ter capacidade para até 150 pessoas, será erguida sobre o Morro da Cruz, ao lado da avenida Almirante Tamandaré, no percurso entre a balsa e o centro da cidade.

Os visitantes da obra ficarão a uma altura de 70 metros em relação ao nível do mar, somando a altura do prédio e do morro.

"No começo, o projeto me impactou. Não imaginava que o Ruy faria o que ele nos apresentou", diz Colucci à Folha. "Mas depois, com todas as justificativas de por que as formas do mirante são daquele jeito, agora faz todo o sentido", diz o prefeito.

De acordo com Colucci, o escritório de arquitetura contratado defendeu o projeto dizendo que ele faz referência ao papagaio-moleiro (ave símbolo da Ilhabela) e à folha da aroeira, um dos símbolos da mata atlântica.

Sobre a falta de licitação do projeto, o prefeito, que está no fim do segundo mandato, diz que Ohtake foi contratado por "notório saber".

"Não tinha cabimento colocá-lo para disputar com outros arquitetos", afirma.

Para ele, o mirante está em sintonia com a vocação turística da cidade. O suposto desperdício de recursos também é rechaçado.

"Em termos de investimentos, nós estamos muito acima dos limites mínimos que devem ser investidos em saúde e educação", afirma.

Desde 2012, a receita de Ilhabela vem aumentando muito por causa dos frutos do pré-sal. Os royalties representam dois terços do orçamento de 2016, de R$ 527 milhões.

Além de declarar que fará de tudo para terminar o mirante até o fim do mandato, o prefeito vislumbra outras obras, como duas salas de cinema dentro de um antigo colégio, que seriam as primeiras de Ilhabela.


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