Folha de S. Paulo


Lenice de Toledo Prioli (1929-2016)

Mortes: Quase perdeu o noivo para cantar ópera

Arquivo Pessoal
Lenice de Toledo Prioli (1929-2016)
Lenice de Toledo Prioli (1929-2016)

A professora preparava uma nova apresentação na tradicional escola Caetano de Campos, no centro de São Paulo. Diante da sala, veio a pergunta: quem sabe cantar? Lenice de Toledo Prioli nem precisou pensar. Já estava com a mão para o alto.

A adolescente não escolheu nenhuma canção da moda ou fácil. Arriscou logo uma ópera. Cantando só os trechos destinados à voz masculina, já que eram as partes que ouvia o tio cantar. Mas impressionou e conseguiu o papel.

Nascida na pequena São Manuel (a 259 km de São Paulo), Lenice cresceu ouvindo ópera, mas a primeira apresentação aconteceu aos 16, com a ópera "Viúva alegre".

Ciumento, o noivo, Sérgio, não gostou da ideia e chegou a terminar com ela. Voltaram só depois da apresentação.

Lenice decidiu estudar música, se tornou meio-soprano. O noivo continuou com ciúme, mas resignado. Casaram-se e ficaram 57 anos juntos, até a morte dele, em 2006.

Cantando, viajou o Brasil e o mundo. Cantou óperas como Lakmé, Soror Angélica, La Vida Breve. Dedicada à música lírica, tinha paixão por obras brasileiras, fosse de Heitor Villa-Lobos ou de Osvaldo Lacerda. Queria promovê-las.

Apesar dos compromissos, estava sempre perto dos filhos, seus companheiros em muitas viagens de trabalho.

Nos anos 80, reduziu as apresentações e começou a dar aulas. Misturava a exigência e o carinho com os alunos.

Escrevia músicas e poemas, muitas vezes dedicados aos netos e dadas como presente.

Morreu no dia 28, aos 86 anos, após uma infecção. Deixa cinco filhos, um irmão, dez netos e cinco bisnetos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

-


Veja os anúncios de mortes


Veja os anúncios de missas

-


Endereço da página:

Links no texto: