Folha de S. Paulo


Professores e estudantes protestam contra educação do governo de SP

Falta de merenda em escolas técnicas e reajuste zero para os professores da rede estadual. A combinação colocou o sistema educacional do Estado de São Paulo no centro de manifestações, que reúnem alunos e professores.

Sem aumento desde 2014, docentes fizeram nesta sexta (29) duas manifestações na capital paulista. Já os estudantes de Etecs (escolas técnicas) ocupam desde quinta (28) a sede do Centro Paula Souza, na região central. O órgão é responsável pelas Etecs e Fatecs, vitrines da gestão Geraldo Alckmin (PSDB).

Cerca de 250 alunos participavam nesta sexta do movimento, que conta com o apoio de estudantes das ocupações de escolas em 2015. Eles reclamam da falta de merenda nas unidades e cobram a construção de restaurantes ou o fornecimento de vale-refeição.

Denúncias de fraudes na merenda que atingem o governo foram lembradas pelos manifestantes. Deflagrada em janeiro, a Operação Alba Branca investiga suposto esquema de corrupção em contratos para fornecer merenda às escolas estaduais.

As ilegalidades envolveriam o presidente da Assembleia Legislativa, o tucano Fernando Capez, e membros do governo Alckmin. O deputado e a gestão negam.

Estudantes queixam-se que, mesmo estudando em tempo integral, não recebem alimentação. "Passo das 7h20 até as 16h10 na escola. Já tive até hipoglicemia por falta de comida", diz Paulo César Facchini Ribeiro, 16, aluno de nutrição da escola técnica Carlos de Campos, no Brás (centro).

Ribeiro foi um dos primeiros a ocupar o local. Pais e professores têm fornecido mantimentos para os alunos.

O Centro Paula Souza afirma que 90% das unidades dão merenda. "[O Centro] segue trabalhando para solucionar questões pontuais com a readequação da estrutura disponível em algumas unidades", cita nota.

Pela manhã, funcionários foram impedidos de entrar no prédio. A diretora do Paula Souza, Laura Laganá, foi ao local e também não entrou. O órgão diz que a diretora ouviu as reivindicações e se dispôs a receber os alunos, mas eles recusaram.

PASSEATA

Na porta da Secretaria de Estado da Educação, na praça da República, cerca de mil professores e diretores realizaram um ato para pedir reajuste salarial. O ato foi organizado por quatro sindicatos.

A categoria pede 16,6% de reajuste para repor a inflação desde 2014. A Secretaria da Educação afirmou, em nota, que mantém o diálogo.

A Apeoesp, um dos sindicatos da categoria, decidiu em assembleia na avenida Paulista adiar para o dia 24 a decisão sobre início de uma greve. Haverá reunião com o governo no dia 23.

Cerca de 3.000 manifestantes, segundo o sindicato, caminharam até o Centro Paula Souza. Eles acabaram expulsos pelos estudantes.


Endereço da página:

Links no texto: