Folha de S. Paulo


Luiz Carlos Ribeiro (1947-2016)

Mortes: Um corintiano fanático em defesa da várzea

Luiz Carlos Ribeiro nasceu em 1º de setembro de 1947, em uma casa pequena de Barueri, na Grande São Paulo. As ruas do bairro eram de terra e as poucas casas, cercadas de mato. Não havia luz.

O nome Luiz Carlos era comum na época –talvez por conta do senador Luís Carlos Prestes–, mas foi dado ao bebê em homenagem a um vizinho. Outro Luiz Carlos, que costumava levar pão e café a mãe e ao irmão da criança.

A comida era escassa na casa da família. Principalmente, quando o patriarca sumia por dias devido ao alcoolismo. Mas o novo nascimento mudou essa rotina e o próprio pai decidiu parar de beber. Nem uma gota mais.

Pequeno, Luiz Carlos não gostava de estudar, mas lia, lia muito. Devorou a coleção Clube do Livro –presente de uma tia. Eça de Queiroz, Honoré de Balzac, Liev Tolstoi.

Deixou a escola aos 12 anos e foi trabalhar como office-boy, mas sonhava jogar futebol. Para onde a família ia, entrava para a várzea –Barra Funda Futebol Clube, Alviverde, Dragões da Casa Verde.

Corintiano roxo, lembrava sempre que fazia aniversário no mesmo dia que o clube.

Após o serviço militar, trabalhou 20 anos como taxista, depois mais 15 na loja do pai. Parou de trabalhar em 1996, após ter o primeiro AVC.

Mas continuava otimista, alegre. Chegou a entrar para um movimento para manter os campos de várzea do Campo de Marte, na zona norte.

Em seu último fim de semana, conheceu o Itaquerão.

Morreu dia 26, aos 68 anos, após um infarto. Deixa mulher, quatro filhos, cinco irmãos, 13 sobrinhos, dois netos, sete sobrinhos-netos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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